A Grécia confirmou nesta quarta-feira (02/09) a primeira infecção por coronavírus em seu maior acampamento de migrantes, Moria, localizado na ilha de Lesbos, onde quase 13.000 pessoas que solicitam asilo vivem em condições sanitárias precárias. O paciente é um somali de 40 anos, de acordo com o Ministério da Migração.
Mais de 12.700 pessoas vivem em Moria, que tem, em tese, capacidade para receber menos de 2.800 migrantes. Outro caso de contaminação já havia sido detectado no mês passado, em um acampamento na ilha de Chios. O doente é um homem de 35 anos, originário do Iêmen. Vários casos de coronavírus foram registrados em acampamentos semelhantes na Grécia continental, incluindo 150 infecções de migrantes em abril, em um hotel no Peloponeso.
Os centros nas ilhas ficarão isolados até 15 de setembro, com acesso limitado. Em Moria, no entanto, muitos refugiados dormem em barracas em um olival fora dos muros do campo, onde as restrições são mais difíceis de serem cumpridas. Os imigrantes que chegarem à ilha serão colocados em quarentena, em estruturas separadas, para não contaminarem todo o assentamento.
Em Lesbos, a organização Médicos Sem Fronteiras foi obrigada, em julho, a fechar um centro que permite isolar as pessoas contaminadas pelo coronavírus. A ONG criticou a decisão de confinar os migrantes, uma medida “discriminatória” e “contraproducente.” O Ministério afirmou que uma nova clínica, que permite o isolamento dos doentes, seria instalada no próximo mês.
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Mais de 12.700 pessoas vivem em Moria; centros nas ilhas ficarão isolados até 15 de setembro
Grécia registrou poucas mortes pelo coronavírus
Diversas organizações de direitos humanos, incluindo o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur, a agência da ONU para refugiados), pediram à Grécia que diminuísse o congestionamento em seus campos.
Com 271 mortes pela covid-19, a Grécia sofreu menos com o vírus do que outros países europeus. Até agora, nenhum óbito por coronavírus foi registrado em um acampamento de migrantes. Mas a taxa de contaminação vem aumentando desde o mês de agosto, que registrou mais da metade dos 10.500 casos diagnosticados até agora no país.
As máscaras se tornaram obrigatórias nas lojas e repartições públicas. Outras medidas restritivas, como o fechamento de bares e restaurantes à meia-noite, também foram tomadas em ilhas turísticas onde foram registrados focos de propagação.