O ministro da Saúde francês, François Braun, defendeu o reforço da vacinação contra a covid-19 neste domingo (04/12) e pediu à população “mais frágil” que faça a quarta dose. Ele também aconselhou a retomada do uso da máscara em lugares fechados, como o transporte público, além do reforço de outras medidas de proteção adotadas durante os picos da epidemia. O país registrou uma alta de cerca de 37% nos últimos sete dias, com 69.253 casos registrados no dia 1º de dezembro.
O ministro francês descartou, por hora, a obrigatoriedade do uso da máscara. “Faço um apelo geral à responsabilidade. Não sou favorável à coerção. Confio nos franceses”, disse. Ele próprio estava sem o acessório no estúdio do canal francês BFMTV, onde concedeu a entrevista. “Não estamos em um lugar fechado com muita gente”, justificou.
Ele alertou, entretanto, que se as contaminações continuarem subindo, o retorno da obrigatoriedade da máscara não está totalmente descartado. “Estamos acompanhando a situação dia após dia e as decisões serão tomadas dependendo de como ela vai evoluir”, explicou. A decisão do governo dependerá da saturação nos hospitais e da evolução da gripe, disse o ministro da Saúde. Os estabelecimentos na França já estão lotados por conta da “epidemia tripla”, com casos de gripe, de bronquiolite e de covid-19. A situação é inédita no país.
Neste contexto, o reforço da vacinação, diz o ministro, é essencial. Na última semana, entre 35 e 40% das pessoas entre 60 e 79 anos, e 20% dos maiores de 80 anos receberam uma nova dose. “É insuficiente”, reiterou François Braun. “É absurdo. Temos os meios, mas os franceses não se vacinam”. A França dispõe em seus estoques da nova vacina bivalente da Pfizer, adaptada às cepas da ômicron BA.4 e BA.5. O imunizante representa 1,8 milhão do total de 2 milhões de injeções administradas desde o dia 3 de outubro, quando começou a campanha na França.
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Em meio a alta de contaminações, reforço da vacinação é essencial segundo ministro francês
Situação nos hospitais é a principal variável
A primeira-ministra francesa, Elisabeth Borne, já havia feito um apelo para que maiores de 60 anos e pessoas com patologias associadas, que correm um risco maior de desenvolver uma forma grave da covid-19, tomassem uma nova injeção. Esta é a melhor maneira, insistem as autoridades francesas, de evitar a lotação nos hospitais e a volta de medidas obrigatórias.
A presidente do Comitê de monitoramento e antecipação dos riscos sanitários na França, Brigitte Autran, também lamentou neste domingo o nível “desolador” da vacinação contra a covid-19, e recomendou, a exemplo do ministro da Saúde, a retomada do uso da máscara e dos gestos de proteção.
De uma maneira geral, a vacina contra a covid-19 protege entre quatro e seis meses após a injeção, mas pessoas jovens e saudáveis, vacinadas, dificilmente desenvolverão uma forma que necessite hospitalização. Isso não as impede de fazer o reforço, que limitará a transmissão, a covid longa, ou até uma versão moderada da doença, com semanas acamadas.
“A obrigatoriedade da máscara é uma decisão política e a decisão não é da nossa alçada. Mas é preciso usar o acessório em locais fechados, com muitas pessoas”, reiterou Brigitte Autran em uma entrevista ao jornal francês Journal du Dimanche. O órgão deve publicar um relatório nos próximos dias sobre a situação epidêmica na França. Atualmente, a cepa BA.5 e suas subvariantes, incluindo a BQ.1.1, que corresponde a 49% dos testes, são as que mais circulam no país.