O assessor especial da Presidência de Lula, Celso Amorim, visitou a Venezuela nesta quarta-feira (09/03) e se reuniu com o presidente venezuelano, Nicolás Maduro.
O encontro, que só foi divulgado pela Presidência da Venezuela minutos após ter ocorrido, foi o primeiro contato de alto nível entre representantes dos governos brasileiro e venezuelano desde que o presidente Lula tomou posse, em janeiro.
Pelo Twitter, Maduro classificou a reunião como um “grato encontro”. “Estamos comprometidos em renovar nossos mecanismos de união e solidariedade que garantam o crescimento e o bem-estar da Venezuela e do Brasil”, disse o presidente.
Ex-chanceler nos governos de Itamar Franco e nos dois primeiros mandatos de Lula, Amorim é hoje um dos principais conselheiros do presidente sobre política externa. Ele esteve na delegação brasileira que viajou aos EUA em fevereiro e deve acompanhar Lula em visita à China no final de março.
Desde que assumiu, o novo governo Lula vem tomando medidas de reaproximação com a Venezuela após cinco anos de hostilidades do Brasil com o país vizinho durante os governos de Michel Temer e Jair Bolsonaro.
Em janeiro, o Itamaraty enviou o diplomata Flávio Macieira para exercer a função de encarregado de negócios na Venezuela e organizar a reabertura da embaixada e dos consulados brasileiros no país. As sedes diplomáticas estão fechadas desde 2020 por ordens do ex-presidente Bolsonaro.
Além disso, Lula já manifestou suas intenções de mediar os diálogos entre governo e oposição da Venezuela que ocorrem no México, mas que estão paralisados desde que Maduro denunciou que os opositores não cumpriram com a devolução de ativos financeiros congelados no exterior.
Prensa Latina
Visita de Amorim a Caracas marca primeiro contato de alto nível entre Brasil e Venezuela
Outro ponto de interesse nas relações entre Brasília e Caracas é a dívida que a Venezuela possui com o Brasil, principalmente dos empréstimos adquiridos junto ao BNDES. Segundo dados do banco, o país vizinho tem uma dívida de 682 milhões de dólares.
Em fevereiro, durante a posse de Aloízio Mercadante como novo presidente do BNDES, Lula garantiu que a Venezuela vai solucionar sua inadimplência e disse que o governo Bolsonaro dificultou o pagamento da dívida.
“Vamos ser francos, os países que não pagaram, seja Cuba, seja Venezuela, é porque o presidente [Bolsonaro] resolveu cortar a relação internacional com esses países e, para poder ficar nos acusando, deixou de cobrar. Eu tenho certeza de que no nosso governo esses países vão pagar porque são todos países amigos do Brasil e certamente pagarão a dívida que têm com o BNDES”, disse o presidente, no dia 6 de fevereiro.
O governo venezuelano ainda terá papel decisivo nas intenções do Brasil de convocar uma reunião da Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA) para tratar da pauta climática e proteção ambiental na América do Sul. País amazônico, a Venezuela é um dos oito signatários do tratado, junto com a Colômbia, que também já concordou em convocar a reunião.