O presidente Jair Bolsonaro disse, nesta segunda-feira (15/07), que as críticas sobre a indicação do filho Eduardo para o posto de embaixador em Washington mostram que, na verdade, o deputado federal por São Paulo é a “pessoa adequada” para o posto.
“Por vezes, temos que tomar decisões que não agradam a todos, como a possibilidade de indicar para a Embaixada dos Estados Unidos um filho meu, tão criticado pela mídia. Se está sendo criticado, é sinal de que é a pessoa adequada”, disse o presidente, que foi à Câmara participar de uma sessão em homenagem ao aniversário do Comando de Operações Especiais do Exército. Eduardo também participava da cerimônia, mas não comentou a indicação.
Se confirmada e aprovada pelo Senado, a eventual nomeação de Eduardo para o posto mais importante do serviço diplomático brasileiro colocará o país ao lado da Arábia Saudita, cujo rei, Mohammed bin Salman, indicou o filho para a embaixada em Washington. Este é o único precedente de decisão semelhante pelo mundo.
Na última sexta-feira (12/07), Eduardo se disse apto a comandar a embaixada por sua “experiência” fora do país. Entre as qualificações, citou o fato de ser presidente da Comissão de Relações Exteriores da Câmara e ter feito intercâmbio nos EUA, onde “fritou hambúrguer”.
Najara Araújo/Câmara dos Deputados
Bolsonaro foi à Câmara e defendeu indicação de Eduardo para Washington
“É difícil falar de si próprio. Eu não sou o filho de deputado que está, do nada, vindo a ser alçado a essa condição. Existe um trabalho sendo feito, sou presidente da Comissão de Relações Exteriores [da Câmara], tenho uma vivência pelo mundo”, disse. “Já fiz intercâmbio, já fritei hambúrguer lá nos Estados Unidos, no frio do Maine, estado que faz divisa com o Canadá. No frio do Colorado, numa montanha lá, aprimorei o meu inglês, vi como é o trato receptivo do norte-americano para com os brasileiros. Então acho que é um trabalho que pode ser desenvolvido. Certamente precisaria contar com a ajuda dos colegas do Itamaraty, dos diplomatas, porque vai ser um desafio grande. Mas eu acho tem tudo para dar certo”, disse.
A decisão de Bolsonaro de nomear o filho veio um dia depois de o parlamentar completar 35 anos, idade mínima para assumir o cargo.
O favorito para o posto era o diplomata Nestor Forster, que contava com o apoio do chanceler Ernesto Araújo e era bem visto entre os que gravitam em torno do guru ideológico e autointitulado filósofo Olavo de Carvalho. O país está sem embaixador em Washington desde a remoção de Sergio Amaral, em abril.