Em entrevista para a imprensa local, a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Mao Ning, afirmou que a China considerou positiva a viagem da delegação enviada pela União Africana às cidades de Kiev e Moscou, para tentar propor um início de diálogo de paz entre os presidentes Volodymy Zelensky e Vladimir Putin.
“A China apoia todos os esforços destinados a resolver a crise na Ucrânia e considera muito valioso o papel dos países africanos. Nosso governo está pronto para trabalhar junto com eles no caso de sua iniciativa criar as condições favoráveis para resolver essa questão”, disse a porta-voz, nesta terça-feira (20/06).
A declaração chinesa se dá dias depois das visitas do grupo criado a partir da proposta do presidente da África do Sul, Cyril Ramaphosa, e encabeçado por ele e pelo presidente pro-tempore da União Africana de Nações, Azali Assoumani, que também é presidente das Ilhas Comores.
A comitiva africana também foi integrada pelos presidentes do Senegal, Macky Sall, e de Zâmbia, Hakainde Hichilema, além do primeiro-ministro do Egito, Moustafa Madbouly, e de diplomatas de Uganda e da República do Congo (ou Congo Brazzaville).
Os representantes da União Africana visitaram Kiev na sexta-feira (16/06), quando tiveram uma reunião com Zelensky. No sábado (17/06), foram recebidos por Putin no Kremlin, em Moscou.
A proposta africana não é a única para a mediação de um diálogo de paz entre Rússia e Ucrânia. A própria China apresentou seu plano de negociação, em fevereiro passado, e também o presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, tem promovido esforços nesse sentido desde que assumiu seu terceiro mandato, em janeiro.
Xinhua
Porta-voz Mao Ning disse que a China considera iniciativa da União Africana para promover diálogo entre Rússia e Ucrânia como positiva
BRICS
Na entrevista com os meios locais, Mao também falou sobre outro ponto de interesse da China ao se aproximar dos países da África, que é a ampliação do Brics.
O bloco integrado atualmente Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul realizará sua próxima cúpula em agosto, na cidade sul-africana de Johanesburgo. Um dos principais temas do encontro será a aceitação ou não de mais de 20 candidaturas de países que desejam ser novos membros, entre os quais estão alguns países africanos, como Nigéria, Argélia, Egito e Quênia.
Segundo a porta-voz da diplomacia chinesa, “Pequim sempre apoiou a expansão do Brics, pois considera este como um importante espaço de cooperação entre o mundo em desenvolvimento e os mercados emergentes, e espera saudar em breve a adesão de novos parceiros com ideias semelhantes”.
Estados Unidos
Outro tema abordado na entrevista foi a visita a Pequim do secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, neste domingo (18/06), para se reunir com seu homólogo chinês, Qin Gang.
Segundo a porta-voz Mao, os chanceleres falaram sobre a normalização das relações e de uma flexibilização das normas para voos entre os dois países. Também foi discutida a criação de programas de intercâmbio para estimular viagens de estudantes, acadêmicos e empresários de ambos os países.
“Tanto a China quanto os Estados Unidos se mostraram dispostos a trabalhar por essa maior fluidez nas relações, e esperamos que os compromissos assumidos nessa reunião se concretizem”, frisou a funcionária chinesa.
Com informações de Xinhua, TASS e Sputnik News