Os números impressionam. No Dia Mundial do Refugiado (25 de junho), a Acnur, órgão de assistência da ONU para refugiados, divulgou um dado alarmante: o mundo possui 82,4 milhões de homens, mulheres e crianças que tiveram seus mundos virados de cabeça para baixo devido a guerras, violência, perseguições e catástrofes. Somente na América Latina são 8 milhões de pessoas nessa condição. “Enquanto nós estivemos durante quase todo o ano passado seguros em nossas casas, estas pessoas tiveram que fugir de seus lares para permanecerem vivas”, diz um trecho do comunicado do Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados.
O Brasil sempre recebeu imigrantes, o que faz parte da sua formação como nação. Agora, vive o desafio de acolher os refugiados. A onda de haitianos ocorreu no início dos anos 2010, logo após o terremoto que praticamente devastou aquele pequeno país caribenho. No final da década passada foi a vez dos venezuelanos. A maioria deles foi para a vizinha Colômbia e outros países de língua espanhola. Cerca de 40 mil vieram para o Brasil.
Saleh Bahulais/ACNUR
Atualmente, existe o dobro de pessoas deslocadas à força em relação a 2011, quando o total era de pouco menos de 40 milhões
Segundo o Comitê Nacional para os Refugiados (Conare), ao final de 2020 havia 57.099 pessoas refugiadas reconhecidas pelo Brasil. Somente em São Paulo, existem 7.777 alunos de 97 nacionalidades diferentes matriculados na rede municipal de ensino, um crescimento de 5,8% em relação ao ano passado. A maioria é formada por haitianos, bolivianos e venezuelanos.
Essas histórias que estão sendo construídas merecem ser contadas. Para falar desse tema que se tornou uma questão importante para a América Latina, o Brasil Latino traz uma entrevista com Alexandre Barbosa, gerente de assuntos acadêmicos do Centro Brasileiro de Estudos da América Latina da Fundação Memorial da América Latina e editor da revista Nossa América.
A cátedra Unesco/UNITWIN de Integração da América Latina, que conta com a participação de USP, Unicamp e Unesp e da Fundação Memorial da América Latina, está com inscrições abertas até 8 de julho para a concessão de bolsas de pesquisa voltadas ao tema do refúgio e seus desdobramentos no contexto brasileiro atual. As bolsas são para pesquisas nas áreas de historiografia, audiovisual, direitos humanos e comunicação. As inscrições devem ser feitas pelo e-mail catedra@memorial.org.br.
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