A primeira-ministra da Itália, Giorgia Meloni, afirmou nesta sexta-feira (24/03) que seu país “pode se dizer muito satisfeito” com as conclusões do Conselho Europeu e que houve “passos adiante” na questão das migrações.
“Houve uma mudança de passo no último Conselho e essa questão agora permanece como uma prioridade entre os objetivos da UE [com] a verificação da implementação dos resultados no próximo Conselho Europeu. Isso demonstra que não se trata de um objetivo ou iniciativa singular”, afirmou Meloni, que vinha cobrando responsabilidade do bloco diante da pauta migratória.
A questão dos fluxos migratórios era considerada um dos pilares das demandas italianas na reunião dos líderes europeus e também é uma bandeira da campanha que levou Meloni ao poder no país.
Pouco antes de Meloni, foi encerrado um encontro de reunião bilateral entre a premiê italiana e o presidente da França, Emmanuel Macron.
Essa é a segunda vez que os líderes se reúnem desde que a italiana assumiu o Executivo do país, no fim de outubro do ano passado, e o primeiro desde que os dois governos viveram uma crise de alta tensão por conta da rejeição de Roma em aceitar um barco de uma ONG humanitária com 230 pessoas resgatadas no Meditterâneo. A embarcação acabou atracando em um porto francês.
Resgate na Sicília
As autoridades italianas resgataram na última quinta-feira (23/03) um barco pesqueiro com cerca de 450 migrantes a bordo localizado a cerca de 100 milhas a leste de Siracusa, na costa da Sicília. O bote com os migrantes estava em “condições precárias”.
Twitter/Giorgia Meloni
Questão dos fluxos migratórios era considerada um dos pilares das demandas italianas na reunião dos líderes europeus
A operação de resgate, sob a coordenação da Guarda Costeira de Catânia, foi concluída pelo navio Corsi e um barco patrulha. Uma embarcação da Frontex, agência da União Europeia para as fronteiras, também estava no local para prestar assistência.
Mais cedo, as autoridades italianas já haviam resgatado 295 migrantes a cerca de 90 milhas da costa jônica da Calábria.
Nesta sexta-feira, o ministro do Interior da Itália, Matteo Piantedosi, fez um apelo aos prefeitos das cidades do sul do país para abrirem centros para menores migrantes.
Em nota, ele enfatiza que “nos centros ativos verifica-se, assim, uma situação de sobrelotação e, ao mesmo tempo, a dificuldade em encontrar, “com a urgência que o caso exige”, novas estruturas.
A “aplicação generalizada” desta medida “na atual fase complexa de gestão dos movimentos migratórios afigura-se ainda mais necessária para evitar a sobrecarga de presença em algumas áreas geográficas, com as consequentes dificuldades operacionais e de gestão, frequentemente encontradas pelos municípios, bem como com as possíveis criticidades sob o perfil diferente e paralelo do desenvolvimento ordenado da vida comunitária”, concluiu.
De acordo com o comunicado, nos últimos três anos, foram registrados na Itália a chegada de 53.751 migrantes menores desacompanhados: 8.939 em 2020, 16.575 em 2021, 28.237 em 2022 (sendo 7 mil ucranianos); em 2023, até o momento, são 2.440.
(*) Com Ansa