Sexta-feira, 11 de julho de 2025
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Atualização às 17h05

Com um ritual ancestral de agradecimento à Pachamama (Mãe Terra), começou nesta segunda-feira (22/01) a celebração dos 15 anos de fundação do Estado Plurinacional da Bolívia, que reconhece em sua democracia a dignidade e os valores dos povos originários e tradicionais. 

A cerimônia foi realizada esta manhã na Casa Grande del Pueblo, na capital La Paz, junto a autoridades nacionais como o presidente Luis Arce, o vice-presidente David Choquehuanca; o presidente da Câmara dos Deputados, Israel Huaytari; ministros de estado e representantes de diferentes setores sociais.

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“Somos a síntese dos nossos povos camponeses indígenas originários, da classe trabalhadora, de homens e mulheres patrióticos que nunca desistiram de construir uma Pátria descolonizada, despatriarcalizada, digna, soberana, produtiva, livre de racismo, exclusão, exploração e todas as formas de discriminação”, declarou o mandatário, em suas redes sociais, ao falar sobre a comemoração. 

“Das diversas formas de Estado que legitimaram a dominação e a exploração, embarcamos no caminho, sempre difícil e acidentado, da independência econômica definitiva e da soberania política”, continuou o presidente, afirmando que seu país “não aplica receitas neoliberais, nem receitas eleitorais fáceis”. 

O mandatário também discursou no evento, falando sobre a ameaça que o Estado Plurinacional vive, de forma que a sociedade boliviana deve “estar em alerta e pronta para o combate”. 

Arce denunciou que a oposição e a “nova direita” tentam desestabilizar seu governo com movimentos na justiça e bloqueios que “prejudicam e punem o povo”.

Presidente atual e ex-presidente defendem modelo que ampliou participação indígena nos destinos do país

Twitter/Luis Arce

Cerimônia em La Paz contou com diversas autoridades nacionais, mas não o fundador do Estado Plurinacional, Evo Morales

Apesar de falar sobre as crises em seu governo, Arce não mencionou diretamente o conflito dentro da esquerda boliviana, com o partido que o levou à presidência, o Movimento ao Socialismo (MAS), o qual é presidido pelo ex-presidente Evo Morales (2006-2019). 

A situação levou o presidente a não convidar ou mencionar Morales nas comemorações, mesmo que este tenha sido o mandatário a levar a Bolívia à consulta popular positiva para a criação do Estado Plurinacional, em 2009.

Por sua vez, Morales pronunciou-se sobre a data por meio das redes sociais, recordando a fundação do Estado: “Pela primeira vez, um indígena assumiu a Presidência, num momento em que o Estado atravessava uma grave crise e a República era uma ameaça que não representava as grandes maiorias”. 

O ex-presidente também mencionou o “golpe cívico-policial-militar” que o país viveu em 2019, quando foi forçado a renunciar. Segundo ele, no momento atual a Bolívia vive um “golpe judicial”. 

Em meio ao conflito político, Morales – que é um atual crítico do governo Arce – lançou em setembro passado sua candidatura à presidência nas eleições que vão ocorrer em 2025. 

Racha na direção do MAS

A direção nacional do Movimento ao Socialismo (MAS) anunciou em agosto de 2023 o rompimento de relações com o presidente Arce, afirmando que estava “tudo acabado” entre partido e governo. 

O anúncio do partido ocorreu após Morales denunciar que um julgamento contra ele, por suposta difamação, teria a intenção de anulá-lo politicamente. Segundo o vice-presidente da legenda, Gerardo García, que chamou de “ameaças” o andamento do processo contra Morales, a situação entre o partido e Arce se deteriorou.

A crise se aprofundou porque Morales acusou o escritório de advocacia do ministro da Justiça, Iván Lima, de defender uma empresa que processa o Estado boliviano em US$ 35 milhões. Por conta disso, o chefe da pasta está processando o ex-presidente por difamação, declarando que as palavras do líder do MAS já chegaram “ao limite”, e que ele se excedeu ao apontar que existe um plano para anulá-lo.

(*) Com TeleSUR