O presidente da Argentina, Alberto Fernández, assinou nesta quinta-feira (07/09) um decreto que retira do falecido ditador chileno Augusto Pinochet (1973-1990) duas das maiores honrarias concedidas pela Casa Rosada: a insígnia da Ordem de Maio do Mérito Militar e o colar da Ordem do Libertador San Martín.
O anúncio foi feito pela ministra porta-voz da Presidência, Gabriela Cerruti, que leu uma carta do mandatário argentino justificando a decisão de anular as condecorações, que foram entregues ao líder do regime ditatorial chileno em 1977, quando a Argentina também vivia uma ditadura.
“Pinochet não é digno da gratidão da nação argentina, pois foi alguém que implementou em seu país, nosso vizinho, políticas que devastaram a vida e degradaram a condição humana, cuja ação ofende os valores e princípios norteadores de nossos heróis, resultando em incompatibilidade com esses prêmios”, disse a carta de Fernández.
O texto do decreto assinado pelo presidente argentino destaca que “Pinochet suspendeu as garantias do Estado de direito e implementou uma política de perseguição e violação dos direitos humanos, tendo como resultado a morte e desaparição de um grande número de opositores e ativistas políticos”.
Wikimedia Commons
Governo argentino retirou de Pinochet a insígnia da Ordem de Maio do Mérito Militar e o colar da Ordem do Libertador San Martín
Indireta a Milei
Após a leitura do comunicado, a porta-voz reconheceu que a medida “está relacionada com a proximidade da data em que o Chile vai rememorar os 50 anos do golpe de Estado sofrido em 1973, mas também no âmbito do 40º aniversário da recuperação da democracia na Argentina”
“Esses dois episódios nos que lembram nos que a luta contra o negacionismo, pela justiça, pela verdade e pela memória deve ser permanente”, acrescentou Cerruti.
A declaração da porta-voz foi considerada por parte da imprensa local como uma referência ao candidato presidencial da extrema direita argentina, Javier Milei, cuja companheira de chapa, a advogada Victoria Villarruel, é filha de militar, defensora da ditadura argentina (1976-1983) e de um discurso de negação das violações aos direitos humanos cometidas durante o período.
“Neste contexto e com a luta das organizações de direitos humanos sempre como baluarte de toda a nossa sociedade, temos que continuar a luta contra o negacionismo, contra o esquecimento e contra as tentativas de impunidade”, a representante da Casa Rosada.