Os protestos contra a violência policial, desatados após o assassinato de um advogado por disparos de pistola taser no começo da semana, se espalharam pela Colômbia. Na noite desta quinta (10/09), as manifestações, que eram em sua maioria concentradas na região metropolitana de Bogotá, foram registradas também em cidades como Medellín (a segunda maior do país) e Barranquilla.
A imprensa colombiana afirmou que o número de mortos em decorrência da repressão aos protestos subiu para 12 – oito registrados em Bogotá e outros quatro, em Soacha, cidade vizinha à capital. Ao menos 400 pessoas ficaram feriadas.
Dos casos reportados, três correspondem a mulheres entre 18 e 36 anos, mortas por disparos de armas de fogo. Um adolescente de 17 anos também foi atingido por balas em uma área ao redor de um centro de operações da polícia. Do total de mortos, ao menos nove apresentam marcas de tiros.
Em Medellín e Barranquilla, houve enfrentamentos com o Esquadrão Móvel Antidisturbios (Esmad), que atiraram gás lacrimogêneo contra os manifestantes.
Prisão de defensores dos direitos humanos
O Escritório da Alta Comissária da ONU para os Direitos Humanos, comandado pela chilena Michelle Bachelet, denunciou nesta quinta a detenção de defensores de direitos humanos por parte da polícia bogotana.
“Em cumprimento do nosso mandato, estamos dando prosseguimento aos casos dos defensores e defensoras dos direitos humanos detidos em Bogotá e Villavicencio. É fundamental oferecer garantias para o trabalho de defesa dos direitos humanos durante jornadas de protestos sociais”, disse o órgão.
Por conta dos protestos, em Bogotá, o sistema de transporte público TransMilenio encerrou suas operações às 20h. Em Cali, manifestantes atacaram uma instalação policial, segundo a imprensa colombiana.
O presidente Iván Duque, que, na quarta (10/09), havia convocado militares para reforçar o contingente policial na capital, pediu “calma, serenidade e confiança nas instituições para que, com celeridade, as autoridades esclareçam os fatos”.
“Não caiamos na desesperança ou na raiva; tampouco aceitemos aqueles que querem capitalizar politicamente estas circunstâncias”, disse.
Início dos protestos
As manifestações se iniciaram como reação ao assassinato do advogado Javier Ordónez. Na terça (08/09) à noite, Ordóñez foi detido pela polícia por, supostamente, descumprir restrições da quarentena. Em um vídeo divulgado por uma testemunha, dois policiais imobilizam Ordóñez no chão e aplicam repetidas descargas elétricas, apesar de o advogado pedir que parassem.
Um amigo de Ordóñez, chamado Juan David Uribe, aparece falando: “[Ele] Está pedindo por favor. Estamos gravando”. Mesmo assim, as descargas elétricas continuaram sendo aplicadas. Relatos apontam também que ele apanhou dos agentes.
Após a prisão violenta, Ordóñez foi levado a um hospital. Pouco tempo depois, no entanto, a família do advogado foi comunicada de sua morte.
(*) Com teleSUR e RT