Na Espanha, em plenas festas de fim de ano, quatro mulheres foram assassinadas, em menos de 24 horas, três delas por ex-companheiros. A quarta foi morta pelo ex-marido da mãe, em um dos meses de dezembro com mais feminicídios das últimas décadas no país.
O último assassinato aconteceu na quinta-feira (29/12), em Escalona, na província de Toledo e comoveu o país. Um homem de 52 anos esfaqueou sua ex-mulher grávida de nove meses, em frente aos filhos de 13 e 14 anos. Foi a filha mais velha que alertou a polícia, ligando para o número 112 de denúncias de feminicídios.
Segundo a imprensa espanhola, a vítima era uma mulher de 34 anos. Ela e seu agressor viviam juntos, mas ela tinha uma nova relação e estava grávida do namorado. Quando o serviço de emergência chegou ao local, os paramédicos realizaram uma cesária, mas não foi possível salvar o bebê.
Ao mesmo momento do assassinato de Escalona, uma jovem de 21 anos foi assassinada, em Madri, por seu ex-companheiro, também a facadas. Em Benidorm, na província de Alicante, outra mulher morreu ao ser empurrada do sexto andar de um prédio pelo namorado, depois de uma discussão.
Coralie Mercier/Flickr
Último assassinato aconteceu na quinta-feira (29/12), em Escalona, e comoveu o país
Lei contra violência de gênero
No mês de dezembro, dez casos de violência contra as mulheres foram confirmados, e três são investigados, de acordo com o ministro do Interior espanhol, Fernando Grande-Marlaska. Ele alertou que atualmente há 700 mulheres vivendo sob ameaça de morte no país.
Este pode ser o mês de dezembro com mais feminicídios no país nos últimos 19 anos.
Segundo o último balanço do ministério da Presidência, Relações com as Cortes e Igualdade, o número de vítimas por violência de gênero na Espanha, em 2022, chega a 46. Um número similar ao de 2021 (48), mas muito menor que em 2007, quando 76 mulheres morreram.
O país conseguiu reduzir quase pela metade o número de feminicídios através da legislação mais avançada no mundo em matéria de violência contra mulheres. A Lei integral contra a violência conjugal coloca à disposição apoio psicológico, policial e judicial assim que uma denúncia é feita pelo telefone.
Por isso, o aumento de casos neste fim de ano preocupa e provoca indignação na classe política espanhola, que pede à população para redobrar esforços para “exterminar este mal”.