Sábado, 5 de julho de 2025
APOIE
Menu

O presidente da Confederação de Nacionalidades Indígenas do Equador (Conaie), Leonidas Iza Salazar foi solto após passar 24 horas detido de maneira irregular. A juíza Paola Bedón determinou que a detenção foi ilegal por não apresentar acusações prévias, nem mandado de prisão. Agora o líder indígena está proibido de deixar o país e deverá apresentar-se todas as quartas e sextas-feiras enquanto tramita o processo. 

Salazar foi detido por volta de 1  hora da manhã da terça-feira (14/06), na cidade de San Juan de Pastocalle, a cerca de 90 quilômetros de Quito, quando participava de um bloqueio da rodovia Panamericana, que conecta o norte ao sul do país. Ele foi acusado de supostos delitos de rebelião e paralisação do serviço público. 

A juíza manteve a segunda acusação, de paralisação do serviço público, que pode gerar pena de até três anos de prisão.

Receba em primeira mão as notícias e análises de Opera Mundi no seu WhatsApp!
Inscreva-se

“Aqui ninguém saiu a desafiar a lei. Saímos, porque a fome e a injustiça tomaram nossos lares. A lei desafiou a fome, por isso ocupamos as ruas”, disse Iza após ser liberado. 

Durante o dia de greve geral, a Confederação Indígena promoveu cerca de 20 bloqueios de estradas e rodovias em 11 regiões do país.

Após a detenção de Leonidas Iza, a Conaie convocou manifestações em frente à sede do Ministério Público (MP) na província de Cotopaxi. Os atos foram reprimidos pela polícia e terminaram com dezenas de feridos.

Depois de 24 horas detido de maneira irregular, Leonidas Iza deverá responder por delito de paralisação de serviço público

Wikimedia Commons

Por pressão popular, presidente da Confederação Indígena do Equador foi solto após 24 horas detido em base militar da aeronáutica

A defesa reitera que todo processo de detenção foi arbitrário, denunciando que mais de 16 horas depois os advogados não sabiam do paradeiro de Iza e não haviam recebido os autos do processo para solicitar uma audiência. O advogado Carlos Poveda ainda disse que o pedido de habeas corpus foi negado enquanto Iza permaneceu detido numa base aérea militar.

“Lamentamos que essas ações foram previamente anunciadas pelo Executivo e o MP se descola das suas responsabilidades, o que confirma que essa detenção é arbitrária, ilegítima e abusiva”, disse.

O presidente Guillermo Lasso publicou um vídeo em suas redes sociais algumas horas após a dentenção do presidente da Conaie, acusando-o de ser autor intelectual de “atos de vandalismo”.

Durante a tarde de terça-feira (14/06), Lasso voltou a se pronunciar publicamente, afirmando que iria enfrentar Iza “com todo o poder do Estado para que termine no cárcere. Não temos outra alternativa”.