Cerca de 5.000 refugiados de Nagorno-Karabakh, enclave armênio no território azerbaijano, chegaram nesta segunda-feira (25/09) à Armênia, após a ofensiva militar relâmpago das tropas de Baku, no dia 19 de setembro. A ação do Azerbaijão obrigou os rebeldes separatistas armênios a entregar as armas e pedir um cessar-fogo.
O avanço das tropas do Azerbaijão na região, habitada em sua maioria por armênios, gerou uma crise política em Yerevan, onde o primeiro-ministro Nikol Pashinyan enfrenta protestos por não mobilizar o Exército.
Alguns dias após os combates, a Armênia contabilizou, nesta segunda-feira, a chegada de 4.850 refugiados a seu território. O governo do Azerbaijão prometeu garantir os direitos dos armênios, mas eles preferiram deixar o enclave.
Segundo a imprensa estatal do Azerbaijão, representantes de Baku participaram em uma segunda rodada de negociações de paz com representantes da comunidade armênia em Nagorno-Karabakh, com o objetivo de “reintegrá-los” ao país.
O Alto Karabakh é reconhecido internacionalmente como parte do Azerbaijão, mas é parcialmente administrado por autoridades armênias dissidentes, que consideram a região como sua pátria ancestral.
Os separatistas afirmam que 200 pessoas morreram nos combates da semana passada, incluindo seis soldados russos que integravam o contingente de paz mobilizado após o conflito, em 2020.
Twitter/Artsakh / Nagorno-Karabakh Human Rights
Armênia contabilizou a chegada de 4.850 refugiados a seu território
Reunião com Erdogan
O presidente do Azerbaijão, Ilham Aliyev, recebe nesta segunda-feira o chefe de Estado turco Recep Tayyip Erdogan. O representante de Ancara, que já chegou ao país, é um importante aliado de Baku e Aliyev pretende, durante o encontro, consolidar sua vitória.
Os dois políticos devem colocar a pedra fundamental de um projeto de gasoduto e inaugurar a reforma de um centro militar azerbaijano, em mais uma demonstração da presença turca na região, que contrasta com a aparente retirada da Rússia, envolvida no conflito na Ucrânia.
A Rússia defendeu nesta segunda-feira a atuação de seu contingente de paz e rebateu as críticas da Armênia de que não teria impedido a ofensiva do Azerbaijão.
O primeiro-ministro armênio tentou responsabilizar a Rússia, uma antiga aliada, e afirmou que as alianças do país foram “ineficazes”, sugerindo que poderia procurar novos parceiros.
Protestos
Pashinyan enfrenta protestos em Yerevan desde o cessar-fogo da semana passada. Nas localidades do Azerbaijão próximas de Nagorno-Karabakh, como Terter e Beylagan, os moradores celebram a vitória de seu governo sobre os rebeldes e as ruas estão enfeitadas com bandeira e retratos dos “mártires” mortos nos combates nas últimas décadas.
Armênia e Azerbaijão, duas ex-repúblicas soviéticas, protagonizaram duas guerras nas últimas três décadas pelo controle de Nagorno-Karabakh.