Membros do Coletivo Contra a Impunidade e a Estigmatização das Comunidades de Burkina Faso divulgou um comunicado nesta terça-feira (03/01) noticiando o massacre de 28 pessoas na cidade de Nouna, capital da província de Kossi, no Noroeste do país.
Segundo o diretor do Coletivo, Daouda Diallo, os 28 assassinados eram todos homens da etnia Fulani, e foram assassinados por grupos milicianos ligados ao Exército burquinense – portanto, apoiadores do regime de Ibrahim Traoré, militar que tomou o poder no país após o golpe de Estado de outubro de 2022.
O comunicado também afirma que as vítimas foram mortas a tiros e faziam todos parte da mesma comunidade, que é minoritária na região de Kossi.
Dados estatísticos oficiais de Burkina Faso apontam que a etnia Fulani possui cerca de 1,7 milhão, uma pequena fração dos mais de 22 milhões de habitantes do país. Ademais, a maioria dos membros dessa comunidade segue a religião islâmica.
O governo de Burkina Faso confirmou as mortes, mas não se pronunciou sobre as causas do que consideram uma “tragédia regional”. O porta-voz Jean-Emmanuel Ouedraogo disse que as autoridades abriram uma investigação para esclarecer as circunstâncias e identificar os responsáveis.
“Esse drama acontece em um momento em que Burkina Faso começa a mobilizar a sua população para ações unidas na luta contra o terrorismo”, acrescentou o porta-voz.
Twitter / Descifrando la Guerra
Membros da comunidade étnica Fulani marcham em Burkina Faso em protesto contra massacres de seus integrantes promovidos por milícias
No entanto, segundo Diallo e seu Coletivo Contra a Impunidade e a Estigmatização das Comunidades, o massacre desta semana é mais um de uma série que vem vitimando especialmente as comunidades de etnia Fulani no interior do país.
O ativista também acusa o governo de apoiar grupos paramilitares e extremistas islâmicos, que dão base social para a manutenção do governo de Traoré.
“Elas (as milícias) atacam pessoas influentes dentro das comunidades, produzindo não só a perda de vidas humanas mas também a desorganização desses grupos”, comenta Diallo.
Os assassinatos em Nouna foram ataques de vingança de combatentes voluntários depois que fundamentalistas atacaram seu quartel-general, disse ele.
O Coletivo Contra a Impunidade e a Estigmatização das Comunidades assegura que a maioria dos ataques a comunidades da etnia Fulani acontecem no Norte do território buquinense, perto das fronteiras com o Mali e com o Níger.
(*) Com informações de TeleSUR