Organizações de direitos humanos do Reino Unido, especializadas no atendimento a imigrantes, denunciaram nesta sexta-feira (13/01) que o governo britânico está preparando a criação de um sistema de vigilância total de estrangeiros irregulares.
Segundo o comunicado divulgado em vários meios da imprensa local, o projeto está sendo realizado conjuntamente pelos ministérios do Interior e da Justiça do Reino Unido, que pretendem estabelecer um rastreamento 24 horas por dia de imigrantes irregulares sujeitos à deportação e libertados sob fiança.
Para saber sua identidade e localização, eles vão obrigar esses imigrantes a carregar dispositivos portáteis com tecnologia GPS, do tamanho de chaveiros, e emitir alertas contínuos para que eles escaneiem suas impressões digitais.
Com isso, enviariam seus dados biométricos com nome, data de nascimento e nacionalidade, informações que serão compartilhadas com o governo, polícia e demais autoridades.
Privacy International
Distintivo do Serviço de Controle de Imigração do Reino Unido
A ativista Lucie Audibert, da organização Privacy International, contesta o discurso do governo britânico de que esse monitoramento seria “uma medida mais humana ou proporcional”. Segundo ela, “o sistema não tem como objetivo proteger a integridade das pessoas, e sim mantê-las sob vigilância”.
“É apenas mais um passo na construção de um aparato de vigilância total dos imigrantes”, alertou Audibert.
Por sua vez, a diretora do Controle de Detentos de Imigração (BID, por sua sigla em inglês), Annie Viswanathan, afirmou que o governo tem observado muitos casos de monitoramento de imigrantes irregulares e constatado que essa política já causou “um impacto desastroso, particularmente para aqueles que têm problemas de saúde mental ou sofreram tortura ou tráfico”.
Ele acrescentou que a pesquisa realizada pelo BID mostra “que isso leva a um maior isolamento social e estigma para um grupo já marginalizado e representa uma extensão da detenção de imigrantes fora dos muros físicos de um centro de detenção”.
De acordo com o governo, espera-se que os scanners de impressão digital com tecnologia GPS substituam as tornozeleiras. No entanto, o Ministério do Interior esclareceu que o imigrante ou o seu representante legal não poderão questionar se deve utilizar um ou outro acessório, uma vez que esta será uma prerrogativa apenas da autoridade do Ministério do Interior.
(*) Com TeleSUR.