A Organização das Nações Unidas (ONU), por meio do Alto Comissariado para os Direitos Humanos, emitiu uma nota nesta sexta-feira (10/06) pedindo que o governo brasileiro intensifique as buscas pelo indigenista Bruno Pereira e o jornalista Dom Phillips, desaparecidos desde o último domingo (05/06), no Vale do Javari, terra indígena localizada nos municípios amazonenses de Atalaia do Norte e Guajará.
“Exortamos as autoridades brasileiras a redobrarem seus esforços para encontrar Phillips e Pereira, com urgência, considerando os riscos reais aos seus direitos à vida e à segurança. Portanto, é crucial que as autoridades nos níveis federal e local reajam de forma robusta e rápida, inclusive usando plenamente os meios disponíveis e os recursos especializados necessários para uma busca eficaz na área remota em questão”, diz a nota da ONU.
No texto, a porta-voz da agência, Ravina Shamdasani, ressalta a importância do trabalho feito por Pereira e Phillips, na proteção de povos indígenas locais.
“Phillips e Pereira desenvolvem papéis importantes em levantar questões preocupantes e defender os direitos humanos dos povos indígenas da área, incluindo o monitoramento e reportando atividades ilegais no Vale do Javari”, aponta o documento.
A nota também destaca o compromisso de diversos grupos da sociedade civil, que se empenham nas buscas pela região para encontrarem os desaparecidos.
Ao final do comunicado, a ONU se mostra preocupada com “os constantes ataques e ameaças enfrentadas pelos defensores dos direitos humanos, ambientalistas e jornalistas no Brasil”.
“As autoridades têm a responsabilidade de protegê-los e garantir que possam exercer seus direitos, incluindo a liberdade de expressão e organização, livre de ataques e ameaças”, completa o texto.
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No texto, a porta-voz da agência, Ravina Shamdasani, ressalta a importância do trabalho feito por Pereira e Phillips
A agência ainda fala que as autoridades brasileiras devem adotar “medidas adequadas” para proteger os povos nativos, que vivem “em isolamento voluntário” ou em contato com o mundo exterior, de “todas as formas de violência e discriminação tanto por atores do Estado ou não”.
Desaparecimento
Phillips e Pereira foram vistos pela última vez no domingo (05/06) e, desde então, associações indígenas, voluntários e grupos da sociedade civil começaram buscas de forma voluntária no território, seguido do trabalho do governo, por meio da Marinha e Polícia Federal (PF).
Na última quinta-feira (09/06), a PF informou que encontrou sangue na lancha do principal suspeito preso até o momento, o pescador Amarildo da Costa de Oliveira, mais conhecido como Pelado, e os resultados devem ser divulgados em até 30 dias.
Pelado foi preso preventivamente por ter munição de fuzil de uso restrito pelas Forças Armadas dentro de sua casa. Após a perícia e com uma possível ligação ao desaparecimento dos dois homens, uma prisão temporária foi decretada pela Justiça.
Testemunhas acreditam que a lancha vista seguindo Phillips e Pereira no caminho do rio entre a comunidade de São Rafael e a cidade de Atalaia do Norte pouco antes do desaparecimento seja de Pelado.
(*) Com Ansa.