Terça-feira, 13 de maio de 2025
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A organização não governamental Anistia Internacional das Américas denunciou na quinta-feira (02/06) constantes violações de direitos humanos em El Salvador durante o estado de emergência decretado pelo presidente Nayib Bukele em 27 de março.

Segundo as investigações do órgão, mais de 35 mil pessoas, sendo 1.600 crianças e adolescentes, foram presas desde a instalação do regime de emergência, em menos de três meses. A organização afirma que os direitos humanos dos salvadorenhos estão “seriamente ameaçados”.

“Pessoas estão sendo detidas simplesmente por terem tatuagens, acusações criminais anteriores ou por viverem em áreas pobres e favelas afetadas pela violência de gangues. Os detidos não têm acesso a uma defesa legal eficaz e são mantidos em condições desumanas”, diz comunicado da Anistia Internacional. 

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O estado de emergência, que envolve suspensão de direitos relacionados a reuniões e associações, direito de defesa e inviolabilidade de correspondência ou telecomunicações, foi adotado pelo governo em um contexto de aumento de homicídios supostamente cometidos por gangues no país. Desde então, a medida já foi prorrogada duas vezes pela Assembleia Legislativa salvadorenha.

Organizações de defesa aos direitos humanos em El Salvador também apontam para prisões deliberadas de pessoas. A Rede Salvadorenha de Defensores dos Direitos Humanos afirma que Bukele está “mergulhando o país em uma crise humanitária”.

Na investigação da organização salvadorenha, apurou-se que milhares de pessoas estão detidas “sem o cumprimento de requisitos legais”, por exemplo, sem mandado de prisão administrativo expedido pela Procuradoria Geral da República, por via judicial ou em situação de flagrante.

Em menos de três meses, mais de 35 mil pessoas foram presas durante o regime de emergência instalado no país

Twitter/Forças Armadas de El Salvador

Mais de 35.000 pessoas, sendo 1.600 crianças e adolescentes, foram presas desde a instalação do regime de emergência

“Sob o pretexto de punir as gangues, autoridades salvadorenhas estão cometendo flagrantes violações aos direitos humanos e criminalizando as pessoas que vivem na pobreza”, afirmou a iniciativa.

A denúncia ainda ressalta que tais medidas não são respostas efetivas à “dramática violência causada pelas gangues” ou aos desafios de segurança pública que o país enfrenta.

Já o Observatório Universitário de Direitos Humanos de El Salvador (OUDH) declarou, por meio de um relatório sobre violações de direitos humanos durante o regime de emergência de Bukele, que a medida coercitiva afeta direitos que não podem ser suspensos, como o direito de contar com a assistência de um advogado. 

“O Estado Salvadorenho praticou desaparição forçada ao não informar, na devida forma e tempo, o paradeiro de milhares de pessoas detidas durante o regime de exceção”, completa o informe. 

Por sua vez, o presidente salvadorenho, em resposta às críticas ao regime de emergência, insistiu que “está prestes a vencer” aquilo que, mais uma vez, descreveu como uma “guerra”, ao referir-se à crise de segurança pública em seu país.

(*) Com Telesur