A Entidade das Nações Unidas para a Igualdade de Gênero e o Empoderamento das Mulheres, também conhecida como ONU Mulheres, declarou nesta sexta-feira (24/06) que “quando aborto é restrito, mulheres recorrem a métodos menos seguros” o que gera resultados desastrosos, sobretudo a mulheres pobres.
“Quando o acesso seguro e legal ao aborto é restrito, as mulheres são forçadas a recorrer a métodos menos seguros, muitas vezes com resultados prejudiciais ou desastrosos – especialmente para mulheres afetadas pela pobreza ou marginalização, incluindo mulheres pertencentes a minorias”, disse a organização em nota.
O comunicado repercute a decisão da Suprema Corte dos Estados Unidos em derrubar a sentença histórica do caso “Roe contra Wade” de 1973, que garantia o direito ao aborto legal no país norte-americano. A partir de agora, os estados podem legislar do jeito que quiserem sobre o tema mudando um entendimento de cerca de 50 anos.
A ONU Mulheres também destacou que “para poderem exercer os seus direitos humanos e tomar decisões essenciais, as mulheres precisam poder decidir livremente e responsavelmente sobre o número e o espaço entre os seus filhos e ter acesso à informação, educação e serviços”.
Biden, Macron e Vaticano sobre aborto
O presidente norte-americano Joe Biden definiu a decisão como um “erro trágico”, movido por uma “ideologia extrema”, enquanto Donald Trump, ex-´presidente, responsável por indicar três dos juízes conservadores da Suprema Corte, celebrou a revogação.
O Vaticano, por sua vez, também comemorou a reversão da lei histórica, por meio de uma nota publicada pelo arcebispo Vincenzo Paglia, presidente da Pontifícia Academia pela Vida do Vaticano.
“Por quase 50 anos, os Estados Unidos aplicaram uma lei injusta que permitiu a alguns decidir se outros podem viver ou morrer e essa política provocou a morte de dezenas de milhões de bebês, gerações para quem foi negado o direito de nascer”, opinou a instituição católica.
Wikicommons
Agora estados norte-americanos podem legislar sobre tema, mudando um entendimento de cerca de 50 anos
O primeiro-ministro britânico Boris Johnson avaliou que a medida é “um grande retrocesso”, se somando ao posicionamento de organizações de direitos civis e representantes de todos os principais partidos do Reino Unido.
Para Emmanuel Macron, presidente francês, “o aborto é um direito fundamental para todas as mulheres. Devemos protegê-lo. Expresso minha solidariedade com as mulheres cuja liberdade está agora em discussão pela Suprema Corte dos Estados Unidos”.
Abortion is a fundamental right for all women. It must be protected. I wish to express my solidarity with the women whose liberties are being undermined by the Supreme Court of the United States.
— Emmanuel Macron (@EmmanuelMacron) June 24, 2022
Obama: decisão ‘ataca liberdades’
O ex-presidente dos Estados Unidos Barack Obama afirmou que a decisão da maior instância do poder judiciário norte-americano “não apenas reverteu cerca de 50 anos de precedentes, mas relegou a decisão mais intensamente pessoal que alguém pode tomar aos caprichos de políticos e ideólogos”.
Esse cenário ataca “as liberdades essenciais” de milhões de norte-americanas, afirmou Obama.
Já a presidente da Câmara dos Representantes, Nancy Pelosi, afirmou que a decisão é “cruel e escandalosa”.
“Hoje, a Corte Suprema controlada pelos republicanos cumpriu a escura e extrema meta de tirar os direitos das mulheres sobre a decisão de seus próprios sistemas reprodutivos. Por causa de Donald Trump, Mitch McConnell [procuradora do Mississippi], o Partido Republicano e sua maioria na Corte Suprema, as mulheres de hoje têm menos liberdades que suas mães”, disse.
A decisão da Suprema Corte dos Estados Unidos foi tomada, conforme já havia sido antecipado pela mídia norte-americana, por seis votos a três. Em maio, quando o portal Politico vazou o rascunho do juiz Samuel Alito, milhares de pessoas se reuniram em várias cidades do país para protestar contra os juízes.
(*) Com Ansa.