Cerca de 1.295 migrantes cruzaram o Canal da Mancha na segunda-feira (22/08), em pequenos barcos para chegar à costa inglesa. Foi um novo recorde em um dia, alcançado apesar dos sucessivos planos do governo conservador britânico para conter o fenômeno.
Entre os passageiros desembarcados em Dover, no sul do país, estavam mulheres, crianças e bebês enrolados em mantas de lã. Testemunhas relatam ter visto pilhas de coletes salva-vidas nas praias, informa a correspondente da RFI em Londres, Emeline Vin.
Essas travessias ocorreram a bordo de 27 embarcações e superam o recorde anterior de novembro do ano passado, disse o Ministério da Defesa britânico. Elas elevam para 22.670 o número de migrantes que fizeram essa perigosa viagem desde o início de 2022, contra apenas 12.500 no mesmo período em 2021, segundo a contagem do grupo britânico Press Association.
O recorde anterior para apenas um dia era de 1.185 pessoas, ocorrido em 11 de novembro de 2021.
No ano passado, as autoridades do Reino Unido interceptaram e desembarcaram 28.526 pessoas que tentavam atravessar a movimentada via marítima. Um recente relatório parlamentar britânico estimou que o total pode chegar a 60.000 pessoas até o final do ano.
Ministerio de Defensa/Armada/Flickr
Cerca de 1.295 migrantes cruzaram o Canal da Mancha na segunda-feira (22/08)
O tema é uma dor de cabeça para o governo britânico, que prometeu controles de fronteiras mais rígidos depois de abandonar a União Europeia (UE).
E também expõe as tensões entre Londres e Paris, depois que o governo do Reino Unido acusou a França de não fazer o suficiente para interromper as tentativas de viagens. Uma das frentes para solucionar o problema foi o endurecimento de leis contra os grupos de traficantes de seres humanos responsáveis pelas travessias.
Acordo polêmico com Ruanda
Londres concluiu recentemente um acordo muito controverso com Ruanda para enviar requerentes de asilo que chegaram ilegalmente em solo britânico a esse país da África Oriental. Embora nenhuma dessas deportações ainda tenha ocorrido – um primeiro voo programado para junho foi cancelado após uma decisão do Tribunal Europeu de Direitos Humanos – os candidatos à sucessão de Boris Johnson – Rishi Sunak e Liz Truss – prometeram continuar com essa política.
Outro revés na política de migração britânica é que o governo acaba de abandonar seu plano de converter uma antiga base da força aérea no norte da Inglaterra em um centro para requerentes de asilo, como foi feito na Grécia.