A Suprema Corte do Chile emitiu nesta terça-feira (29/08) a sentença final do juízo pelo sequestro e assassinato de membros da escolta pessoal do presidente Salvador Allende, deposto pelo golpe de Estado de 1973.
A decisão atribuiu a responsabilidade maior pelos crimes ao general Vicente Rodríguez Bustos, falecido em setembro de 2020. Teria sido dada por ele a ordem para a execução de guarda-costas de Allende, e o sequestro de outras dois.
Segundo o texto da sentença, “as vítimas saíram do Palácio de La Moneda com suas armas, mas foram capturadas e obrigadas a se entregar. Não houve resistência nem troca de tiros. A investigação concluiu que nove pessoas foram executadas e outras duas mantidas em cárcere sob regime de tortura”.
Entre as vítimas estavam Domingo Blanco Tarrés e José Belisario Carreño, ambos sequestrados e torturados. Os outros nove guarda-costas, que foram executados, são Gonzalo Jorquera Leyton, Carlos Cruz Zavala, Luis Gamboa Pizarro, Pedro Garcés Portiagliati, Óscar Marambio Araya, Edmundo Montero Salazar, Jorge Orrego González, William Ramírez Barría e Enrique Ropert Contreras.
Biblioteca Nacional do Chile
Allende cercado por membros do GAP durante o bombardeio do Palácio de La Moneda
Segundo as investigações, os corpos dos nove assassinados foram encontrados dias depois do golpe de 11 de setembro de 1973, em diferentes locais às margens do Rio Mapocho, que cruza a cidade de Santiago.
As 11 vítimas formavam parte do Grupo de Amigos Pessoais do Presidente (GAP), uma força militar conformada por militantes de esquerda apoiadores do governo Allende. Entre os “amigos pessoais” do líder da Unidade Popular (como era conhecido o projeto político allendista) estavam membros do Partido Socialista, do Partido Comunista e do Movimento de Esquerda Revolucionária (MIR, por sua sigla em espanhol).
O GAP fez a escolta de Allende desde 1970, já que Allende e seus assessores mais próximos não confiavam na Guarda Presidencial, que era conformada por membros das Forças Armadas, consideradas potencialmente golpistas. O grupo ganhou esse nome após uma entrevista a Allende em que um jornalista perguntou qual era a “organização” que fazia a sua segurança”, e o mandatário respondeu que “não é uma organização, este é um grupo de amigos pessoais”.
A sentença da Corte Suprema também determinou que o Estado chileno deve pagar indenizações aos familiares diretos das 11 vítimas, de até 93 mil dólares.
Com informações de Rádio Bío-Bío e TeleSur.