Atualizada às 20h26
As urnas das eleições legislativas da Venezuela foram fechadas às 19h (20h em Brasília) deste domingo (06/12), após o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) ter estendido o prazo de votação em uma hora.
Essas são as primeiras eleições legislativas na Venezuela desde 2015, quando a oposição ao governo de Nicolás Maduro conquistou a maioria no Parlamento.
Em diversos postos eleitorais espalhados pelo país, a votação ocorreu com normalidade e nenhum grande incidente foi registrado. A justificativa para a extensão do horário foi a alta afluência de eleitores às urnas. Mesmo com o fechamento, os que estiverem na fila aguardando para depositar seu voto poderão fazê-lo.
A reportagem de Opera Mundi visitou alguns locais em Caracas, capital venezuelana. Na Universidade Educativa Boliviariana Gladys Vanegas, localizada no bairro de Coche, eram esperados mais de 2.900 eleitores.
Segundo eleitoras que estavam presentes no local, o tempo de espera era de aproximadamente uma hora até que pudessem exercer seu voto. De acordo com os fiscais da zona, os protocolos de segurança impostos pelo CNE para conter a transmissão da covid-19 tornaram o processo ligeiramente mais lento, embora mais seguro durante a pandemia.
A coordenadora do centro de votação na Escola Básica Caracciolo, no bairro de El Valle, Juaniza Sánchez, afirmou que a população estava cumprindo com todas as normas sanitárias e que a participação eleitoral era grande. “A colaboração das pessoas está excelente, todos respeitando o distanciamento social e as normas de biossegurança. Esperamos mais de 4.600 eleitores e nenhuma falha nas urnas eletrônicas foi registrada”, disse.
A funcionária pública Núbia Duarte, de 56 anos, compareceu pela manhã às urnas e disse estar muito contente por exerceu seu direito ao voto. “Essas eleições são muito importantes, precisamos resolver o tema da guerra econômica contra a Venezuela para que nosso país possa continuar a se desenvolver”, disse.
David Saquera, membro da juventude do Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV), também exerceu seu direito ao voto neste domingo e disse que as eleições são uma demonstração de que o povo venezuelano “não teme o bloqueio norte-americano”.
Lucas Estanislau/Opera Mundi
Votação ocorreu com tranquilidade nas eleições legislativas da Venezuela
“Demonstramos a força que tem a revolução bolivariana e o projeto bolivariano que vai transformar agora novamente a Assembleia Nacional. O Parlamento voltará às mãos do povo para construirmos uma pátria melhor”, disse.
Maduro
O presidente Nicolás Maduro votou à tarde. “Sinto-me orgulhoso de ser venezuelano, de ter uma pátria livre e consciente. Peço a você: essa é a hora, chegou o dia de votar. Hoje se elege uma nova Assembleia Nacional, hoje nasce uma nova Assembleia Nacional”, disse.
Momentos depois, o presidente voltou ao tema eleitoral pelo Twitter. “Cumpri com meu voto em total Democracia e Paz para eleger nossas instituições republicanas. Esta é a eleição número 25, e com a participação do povo nos livraremos da Assembleia Nacional nefasta. Tivemos paciência e hoje faremos e teremos justiça”, escreveu.
O órgão legislativo foi colocado em desacato pela Justiça venezuelana em 2017, após anos de uma disputa legal envolvendo problemas na votação de três parlamentares – todos de oposição. Os deputados acusados se recusaram a repetir a votação em seus determinados estados, abrindo um impasse com a Justiça, que culminou com a retirada de poderes da AN.
O ministro das Relações Exteriores da Venezuela, Jorge Arreaza, votou à tarde na Escola Técnica Comercial Robinsoniana Manuel Palácio Fajardo, em Caracas, no mesmo ponto onde o líder bolivariano Hugo Chávez votava.
Em conversa com a imprensa, o chanceler mencionou que os venezuelanos votam pela paz e que o país busca diálogo com todos que estiverem à disposição.
“Os venezuelanos hoje votam pela paz, não queremos mais conflitos. Diálogo, paz, tranquilidade, estabilidade, é isso o que o povo venezuelano nos pede. Diálogo com o mundo, com a União Europeia, com os Estados Unidos e com os países e vizinhos que agridem a Venezuela, aqui estão nossas mãos, das mulheres e homens humildes e do presidente Nicolás Maduro”, disse.
(*) O repórter viajou a convite do Instituto Simón Bolívar.