A Venezuela realiza eleições parlamentares neste domingo (06/12) em meio à pandemia do covid-19 e a as dificuldades econômicas provocadas pelas sanções impostas pelos Estados Unidos. As urnas foram abertas às 7h da manhã em todo país e a votação vai até às 18h. A previsão é de que o Conselho Nacional Eleitoral possa anunciar os resultados oficiais entre 20h e 21h de Caracas (21h e 22h de Brasília).
O sistema eleitoral da Venezuela sofreu algumas mudanças – entre elas, está o número de vagas para a Assembleia Nacional que passou de 167 para 277 deputados. O país também adotou um sistema misto de eleição, em que 52% dos parlamentares entrarão no Congresso por voto proporcional partidário, como já acontecia antes da reforma. Outros 48% serão eleitos por representação proporcional nominal, parecido ao modelo brasileiro.
Dessa forma, os partidos menores, regionais e indígenas poderão ocupar mais espaço na política e também atrair os eleitores dos partidos opositores que não vão participar.
Cerca de 20 milhões de venezuelanos estão habilitados a votar. Nas últimas eleições a participação eleitoral, ficou entre 50 e 70% dos eleitores. O voto na Venezuela não é obrigatório e uma parte da oposição, especificamente o bloco de quatro partidos liderados pelo deputado Juan Guaidó, defende a abstenção por considerar essa eleição fraudulenta.
No entanto, outros 24 partidos da oposição estão concorrendo e chamando a população a votar. Entre eles, o Primeiro Venezuela, criado por deputados dissidentes do bloco de Guaidó e que representam 30% da atual bancada da oposição no Congresso. Atualmente, esse é o único partido da direita venezuelana que tem comitê político em todos os 23 estados do país.
Ademais, há outro bloco opositor participando, conformado por partidos menores, mas que cresceram nas últimas eleições, tanto em número de filiados, quanto em votos. Esse setor é liderado pelo partido El Cambio, do líder evangélico Javier Bertucci, considerado um político de centro-direita. Dessa coalizão, chamada Alianza Perfeita, participam partidos com lideranças regionais e nacionais, como o Copei, o partido da velha oligarquia venezuelana.
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Venezuelanos vão às urnas neste domingo; na foto, a simulação eleitoral de 25 de outubro
Os demais partidos opositores preferiram não entrar em nenhuma coligação e disputar as eleições de forma independente. Esse é o caso do Avanzada Progressista, dirigido pelo ex-candidato à Presidência Henri Falcón, do Estado de Lara, e Soluciones para Venezuela, liderado pelo sociólogo Claudio Fermín, porta-voz da última mesa de negociação entre a oposição e o governo de Nicolás Maduro, encerrada em outubro.
Bloco chavista
Os partidos de esquerda estão unidos na coalizão do Grande Polo Patriótico, composto por seis partidos – entre eles o PSUV, PPT, UPV, ORA, Tupamaros e Somos Venezuela. Já o Partido Comunista da Venezuela (PCV) decidiu romper com o PSUV e concorrer em chapa à parte da coalizão chavista.
Durante os últimos cinco anos, o PSUV passou por uma revisão de sua estratégia eleitoral, depois da derrota de 2015, quando a oposição ganhou a maioria das vagas no Congresso. Nesse período, o partido realizou congressos, ampliou sua base e número de filiados, que subiu de 5 para 7 milhões de militantes, tornando-se o segundo maior partido do mundo, atrás apenas do Partido Comunista da China, com 87 milhões de filiados.
O chavismo está apostando todas as fichas nessa eleição. Inclusive o presidente Maduro chegou a dizer essa semana que pode renunciar caso a oposição obtenha novamente a maioria das vagas do parlamento. “Se vencermos, vamos avançar, mas também devo dizer que deixarei meu destino nas mãos deles. Se a oposição voltar a vencer, deixarei a presidência, se a oposição vencer as eleições, não ficarei mais aqui. Deixo meu destino nas mãos do povo da Venezuela”, disse.
Segundo Maduro, “a Assembleia Nacional será o epicentro político do país”, onde serão concentrados os debates importantes na Venezuela, uma vez que as principais forças políticas vão discutir suas pautas, incluindo aquelas que marcam as diferenças históricas entre a oposição e o chavismo.
Para isso, o setor opositor, que está participando destas eleições, reivindicou a extinção da Assembleia Nacional Constituinte (ANC) durante a última mesa de negociação com o governo. Depois disso, o presidente da ANC, Diosdado Cabello anunciou que os trabalhos serão encerrados em dezembro, após as eleições.
A nova legislatura da Assembleia Nacional começa no dia 5 de janeiro com a posse dos deputados eleitos. Nesse mesmo dia, será escolhida a mesa diretora que conduzirá os trabalhos da Casa.