O presidente Jair Bolsonaro voltou a questionar as urnas eletrônicas durante uma reunião com embaixadores de 40 países no Palácio da Alvorada na última segunda-feira (18/07). A agência de notícias britânica Reuters se referiu a falas do pré-candidato à reeleição como “ataques” e “tentativas de desacreditar” o sistema eleitoral brasileiro.
“As suas tentativas de desacreditar o sistema eleitoral brasileiro, que tem sido utilizado desde 1996 sem provas de irregularidades, levaram os seus oponentes a suspeitar que Bolsonaro pode se recusar a aceitar uma possível vitória do ex-presidente de esquerda Luiz Inácio Lula da Silva, que lidera por dois dígitos nas sondagens de opinião”, apontou a agência britânica.
O jornal argentino Página12 também relacionou o encontro do presidente com os embaixadores ao cenário favorável a Lula, destacando que “Bolsonaro está em segundo lugar nas pesquisas de opinião” e que Lula lamentou a realização da reunião para “mentir”.
“Apesar de durante esse período não ter apresentado provas de suas declarações, Bolsonaro insistiu que o sistema atual é ‘completamente vulnerável’ e fez alusão às eleições de 2018 que, por supostos hackers, ‘não foram totalmente transparentes'”, escreveu o argentino.
Reprodução/Palácio do Planalto
Presidente Jair Bolsonaro voltou a questionar as urnas eletrônicas em reunião com embaixadores no Palácio da Alvorada
A revista alemã Der Spiegel, por sua vez, alegou que “Bolsonaro semeia repetidamente dúvidas sobre a fiabilidade do sistema eleitoral”, e comparou as críticas do atual presidente ao sistema eleitoral à conduta do antigo presidente dos Estados Unidos Donald Trump, que já tentou alegar, sem provas, fraude eleitoral.
“Em maio, o sistema eleitoral brasileiro passou por um teste de segurança do Supremo Tribunal Eleitoral. O sistema eleitoral no Brasil – o país mais populoso da América Latina, com 210 milhões de pessoas – é totalmente eletrônico. Os testes são realizados regularmente em preparação para as eleições, mas assumiram um significado especial sob o direitista Bolsonaro”, explicou a revista.
A rede de televisão multiestatal venezuelana TeleSur também criticou “os contínuos ataques” de Bolsonaro às eleições, dizendo que “é provável que ele se recuse a aceitar a derrota e tente por outros meios manter-se no poder”.
“A declaração em questão é uma tentativa do atual presidente de sabotar as próximas eleições que, segundo apurações preliminares, têm Lula como favorito”, destacou a TeleSur.
Paralelamente, o jornal britânico The Guardian afirmou que “os movimentos para questionar a integridade do sistema eleitoral vêm em meio a uma votação fraca para o líder de extrema-direita, que enfrentará as eleições em Outubro”.
“A decisão de Bolsonaro de aumentar as críticas perante um público estrangeiro pode estar ligada à sua fraca participação nas urnas”, afirmou o veículo britânico.