Os atos em defesa da democracia e do sistema eleitoral brasileiro, realizados nesta quinta-feira (11/08), tiveram ampla repercussão não apenas no país. A imprensa internacional também aplaudiu as históricas manifestações de 11 de Agosto, que denunciaram a escalada autoritária e golpista do presidente Jair Bolsonaro (PL).
Na maioria das atividades, os participantes leram a “Carta às Brasileiras e aos Brasileiros em defesa do Estado democrático de Direito”, que ultrapassou a marca de 1 milhão de signatários. O ato mais amplo e representativo ocorreu na Faculdade de Direito da USP (Universidade de São Paulo). Segundo a agência Associated Press, uma das mais reproduzidas na grande mídia estrangeira, “as massas” aderiram a “um manifesto que pedia o retorno do estado de direito”, opondo-se a “uma brutal ditadura militar”.
Para o jornal francês Le Figaro, “a menos de dois meses para a votação”, Bolsonaro “recebeu um aviso sério” do povo brasileiro: “Pela primeira vez, a sociedade civil e os empregadores se posicionaram em defesa da democracia brasileira em ‘momento de imenso perigo’ para as instituições do maior país da América Latina”.
Sem meias palavras, o Le Figaro rechaçou as tentativas do presidente de questionar um sistema eleitoral baseado nas urnas eletrônica que, há 26 anos, é referência em todo o mundo. Para o jornal, Bolsonaro mira o exemplo do ex-presidente norte-americano Donald Trump, cujos apoiadores invadiram o Capitólio, nos Estados Unidos, em janeiro de 2021.
Twitter/Faculdade de Direito da USP
A imprensa internacional também aplaudiu as manifestações de 11 de Agosto, que denunciaram a escalada de Jair Bolsonaro
Preocupação semelhante foi expressa pela emissora norte-americana ABC, que citou os diversos manifestos pró-democracia lançados nas últimas semanas. Esses documentos, conforme a ABC, “ressaltam a preocupação generalizada de que o líder de extrema-direita (Bolsonaro) possa seguir os passos de Donald Trump e rejeitar os resultados eleitorais que não estejam a seu favor, em uma tentativa de se apegar ao poder”.
O Clarin também foi direto: “Brasil se mobiliza em defesa da democracia e desafia Jair Bolsonaro”. De acordo com o jornal argentino, “há mais de um ano” o presidente brasileiro “afirma repetidamente que as urnas eletrônicas são propensas a fraudes, embora nunca tenha apresentado qualquer evidência”. O grupo Clarin é o principal conglomerado de mídia da Argentina.
Em diversos veículos, a “Carta às Brasileiras e aos Brasileiros” foi o destaque. “Manifesto de cidadãos declara que democracia brasileira enfrenta ‘imenso perigo’”, destacou o jornal britânico The Guardian. “Quase um milhão de brasileiros assinam um manifesto contra a deriva autoritária de Bolsonaro”, noticiou o site do diário espanhol El País, que foi além: a “Carta” é “a mãe de todas as letras” contra o “autoritarismo” bolsonarista.
Como lembrou o jornalista André Vargas, no Money Report, “artigos analíticos, capazes de influenciar os humores de investidores e governos, serão publicados ao longo desta sexta-feira (12/08)”. Os atos de 11 de Agosto marcam uma virada em favor da democracia na luta contra o fascismo.