“Nós estamos agora há quatro meses para os Jogos Olímpicos. Estamos no meio do circuito mundial e temos mais algumas etapas pela frente, que usaremos como preparação para chegar nos Jogos Olímpicos arrasando”, diz Luíza Campos, a capitã do time, em entrevista à RFI.
“A gente conseguiu a nossa vaga no qualificatório, a gente fez um ótimo torneio e conseguiu a vaga antes mesmo de chegar na final. Então, foi muito emocionante porque todo o trabalho que a gente vinha fazendo deu resultado”, acrescenta a atleta.
Luiza explica que o time tem como mascote a índia Yara: “ela é uma guerreira que busca conquistar o seu espaço na tribo como lutadora. Então, a gente pode colocar isso como a paixão que a gente tem no rugby também, pois a gente tem essa paixão pelo esporte. E a gente está sempre tentando buscar o nosso espaço nesse mundo que é predominantemente masculino”, afirma. “Yara teve muita disciplina para poder se tornar uma das melhores guerreiras da tribo dela. E a gente também tem muita disciplina nos treinos para buscar um espaço maior para o Brasil no ranking mundial”, promete a capitã.
A preparação do grupo acontece no NAR, o núcleo de alto rendimento de atletas, em São Paulo. “A gente treina todos os dias de segunda a sexta aqui no NAR. Geralmente são dois períodos fazendo preparação física, fisioterapia, rugby. A gente é uma seleção que está permanente aqui em São Paulo. Então, a gente consegue treinar todos os dias com as melhores atletas que tem no Brasil”, diz Luíza Campos.
Ela conta sobre o entrosamento do grupo: “antes dos jogos, todo mundo tem um período para poder se concentrar. Tem gente que gosta de fazer malabares, tem gente que começa a treinar um passe, tem gente que gosta de botar música e ficar dançando. E aí, quando acaba esse período de preparação, vai todo mundo junto para o aquecimento, para a gente começar a criar uma conexão”, diz. “Na entrada do túnel, a gente sempre se junta e dá duas respirações para todo mundo poder entrar bem conectado. Vai todo mundo gritando o nome uma da outra, para todo mundo entrar bem junto”, diz.
A capitã das Yaras fala sobre a oportunidade de competir na França, um país que tem tradição nessa modalidade. “Jogar em países que tem o rugby como um esporte cultural é sempre muito legal, porque sempre tem muita torcida e a torcida não é nem só para o time da casa ou só para o time que está ganhando. Então, a torcida acaba incentivando muito todos os times que estão lá tentando fazer seu melhor. E é muito bom”, afirma. “A gente estará na Olimpíada para mostrar que o Brasil não é um país só de futebol. A gente quer mostrar para o mundo inteiro que o rugby e todos os outros esportes estão crescendo bastante no Brasil e estão se desenvolvendo”, comemora.
Mensagem à torcida
“Eu quero pedir muito a torcida de todo mundo, que está espalhado não só pela França, mas que gosta de rugby, que gosta de assistir as Yaras para estar torcendo para a gente nesses Jogos Olímpicos e em todos os momentos, dando o seu apoio e gritando para gente lá. Vai ser muito bom”, conclui.
Campeonato Mundial
O próximo dia 29 de junho promete ser um divisor de águas na história da seleção brasileira feminina de rugby XV. Será nesta data que as Yaras buscarão a inédita classificação para a Copa do Mundo da modalidade, marcada para 2025, na Inglaterra. Para isso, a equipe precisa vencer a Colômbia em jogo único, valendo vaga direta para o Mundial. A partida está marcada para Assunção (Paraguai), em campo neutro.
“Será um jogo muito importante para o rugby feminino brasileiro, que atualmente é muito forte no sevens. Agora precisamos construir a cultura do XV. Estamos organizando training camps e precisamos que as atletas joguem o maior número possível de partidas. A Colômbia nos venceu nos últimos encontros, mas estamos trabalhando muito forte”, afirmou o treinador da seleção brasileira, Emiliano Caffera.
Brasil e Colômbia são os únicos países sul-americanos na atualidade a contarem com seleções femininas de rugby XV, o que explica a realização das eliminatórias em jogo único. No ano passado, as equipes se enfrentaram em três ocasiões, todas com vitórias colombianas.