A cinco meses dos Jogos Olímpicos de Paris 2024 (26 de julho a 11 de agosto), o presidente francês, Emmanuel Macron, inaugurou nesta quinta-feira (29/02) a Vila Olímpica de Saint-Denis, no subúrbio norte da capital. As chaves do local, que deverá receber 14.500 atletas durante os Jogos Olímpicos, foram entregues ao presidente do Comitê Organizador, Tony Estanguet, esta manhã.
Mais de dois anos após a sua última visita ao canteiro de obras, em outubro de 2021, Macron pôde conferir a dimensão do trabalho realizado para receber os melhores esportistas do mundo na França.
Construído em sete anos, o projeto da Vila Olímpica reúne 82 edifícios, com 3.000 apartamentos e 7.200 quartos, erguidos numa antiga área industrial que se estende por 52 hectares entre a cidade de Saint-Denis, a ilha de Saint-Denis e a cidade de Saint-Ouen.
“É magnífico, foi um trabalho extraordinário. Muitos deram anos de suas vidas para este projeto”, disse o presidente. “Os prefeitos que trabalharam juntos para pensar uma grande mudança urbana, baseada na acessibilidade”, acrescentou. “É muito bonito e torna a cidade ainda mais bonita”, insistiu Macron.
O presidente francês estava acompanhado da ministra dos Esportes, Amélie Oudéa-Castéra, e de políticos. A prefeita de Paris, a socialista Anne Hidalgo, destacou a qualidade dos materiais utilizados e a concepção da Vila Olímpica. Parte dos edifícios é recoberta por placas de cerâmica instaladas manualmente, uma a uma. A reciclagem de águas usadas também foi apresentada como uma vantagem do projeto, que se preocupa com os desafios climáticos.
Equipamentos que funcionam como uma espécie de “guarda-sol purificador de ar” chamam atenção. Eles captam a poluição e devolvem ar limpo sobre os atletas. As delegações poderão aproveitar um deck à beira do rio Sena. A ideia é que eles se sintam em casa e possam se concentrar apenas nas competições.
Um país de construtores
Macron agradeceu aos operários que trabalharam na obra (4 mil por dia, 40 mil pessoas ao todo): “o que vocês fizeram marcará um século”, disse o presidente, aplaudindo as equipes presentes. O presidente ressaltou a criação de empregos e a transformação de toda a região em que foi erguida a Vila Olímpica, considerada por ele como “o maior projeto de construção de apartamentos e escritórios da França, em tempo recorde”.
O presidente também conversou longamente com representantes das inúmeras empresas que participaram como fornecedores no projeto, considerado como uma “obra de arte do que a indústria da construção francesa é capaz de fazer”. “Somos um país de construtores”, celebrou o presidente.
Os empresários apresentaram curiosidades sobre as diferentes técnicas e materiais utilizados, especialmente pensados para economizar água e energia. Os apartamentos não têm climatização, mas contam com um ventilador e piso refrescante para atenuar o calor previsto para o mês de julho. O estrado das camas é feito em papelão, como nos Jogos de Tóquio, capaz de suportar 250 quilos.
Twitter/AtoutPresse
Presidente Emmanuel Macron durante a inauguração da Vila Olímpica de Paris 2024
Fora um atraso de “algumas semanas” para os edifícios localizados na ilha de Saint-Denis, o cronograma previsto se manteve, de acordo com Nicolas Ferrand, presidente da Solideo, empresa pública responsável pela infraestrutura olímpica e paralímpica de Paris 2024. Dificuldades ligadas à epidemia de Covid-19 e à guerra na Ucrânia elevaram o orçamento em € 140 milhões, em 2022, para um total de € 4,5 bilhões.
A entrega das chaves simbólicas, ao todo serão 45.000 (oito para cada quarto) não significa que o trabalho acabou na Vila Olímpica, que ainda precisará ser equipada para poder receber as 206 delegações olímpicas e 184 paralímpicas. Nesta manhã chuvosa, elas foram representadas pela Comissão dos Atletas, que receberam os bons votos do presidente francês.
O complexo também acolherá locais de treinamento de sete modalidades olímpicas e paralímpicas, entre elas halterofilismo, pentatlo moderno, esgrima, basquete em cadeira de rodas e vôlei paralímpico.
Uma cidade a ser equipada
Os apartamentos já têm água e energia, mas foram entregues vazios e agora serão decorados com móveis (camas, mesas de cabeceira, sofás, etc.) “Isso representa um total de mais de 345 mil peças que serão transportadas, incluindo edredons, ventiladores e outras comodidades”, explicou Laurent Michaud, diretor das Vilas Olímpica e Paralímpica de Paris 2024. “Serão dois atletas por quarto de 12 m² e um banheiro para quatro pessoas”, acrescentou.
Os equipamentos para estes apartamentos, bem como os muitos serviços que os atletas e suas equipes desfrutarão durante a estadia em Paris, serão fornecidos pelos patrocinadores. Os esportistas poderão ter suas roupas lavadas em lavanderias temporárias com quase 600 máquinas de lavar e secar roupa. A manutenção dos apartamentos será feita por doze serviços de portaria espalhados pela Vila.
Os apartamentos, no entanto, não terão cozinhas. Os atletas terão acesso 24 horas à imponente nave da Cité du Cinéma, transformada em um restaurante gigantesco com quase 3.200 lugares, onde serão servidas 40.000 refeições por dia. Um segundo restaurante será montado na ilha de Saint-Denis e food trucks “serão espalhados por toda a Vila, permitindo que os atletas tenham alternativas”, diz Laurent Michaud.
Uma loja de produtos alimentares, uma creche, delegacia de polícia, correios, um salão de cabeleireiro, um ginásio, um bar (sem venda de bebida alcoólica) e um centro multirreligioso completam o projeto. Uma policlínica de 3.000 m² também estará disponível para os atletas, em caso de necessidade de fazer uma tomografia computadorizada ou ressonância magnética.
O transporte e deslocamentos dentro da Vila serão feitos por bicicletas e veículos elétricos. Os primeiros atletas começarão a chegar em 18 de julho.
Após o encerramento dos Jogos Paralímpicos, em meados de setembro, os apartamentos serão reconfigurados para acomodar 6.000 moradores e empresas neste novo distrito da região metropolitana de Paris, a partir de 2025.