O Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do Brasil (Conic) emitiu um comunicado nesta quinta-feira (04/01) no qual manifestou sua solidariedade ao jornalista Breno Altman e ao Padre Júlio Lancellotti.
A nota distingue os dois casos, lembrando que Altman “nos convida para uma reflexão séria sobre as consequências do sionismo como prática colonialista, expansionista, que nega ao povo palestino o direito ao território, à autodeterminação e à existência”, enquanto o Padre Júlio “se destaca como defensor da dignidade das pessoas em situação de rua”.
Ao aprofundar os argumentos sobre o caso de Altman, a Conic ressalta que “desde o início da guerra entre o Estado de Israel e o Hamas, o jornalista tem feito um trabalho importante voltado ao esclarecimento de conceitos-chave. Um deles é a diferenciação entre sionismo e antissemitismo. Duas palavras que são diariamente manipuladas para intimidar manifestações contrárias aos crimes de guerra praticados pelo Estado de Israel contra civis palestinos”.
“O sionismo tem relação direta com o racismo, o colonialismo e a promoção de apartheid. O antissemitismo, que significa a aversão ao povo judeu, é crime. Portanto, deve ser denunciado e coibido”, acrescenta o comunicado.
Montagem
Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do Brasil manifestou sua solidariedade com o jornalista Breno Altman e o Padre Júlio Lancellotti
No caso do Padre Júlio Lancellotti, a ênfase foi no “seu ministério de doação às pessoas que são diariamente identificadas pelos arautos da teologia da prosperidade como sub-humanas, e pelas elites econômicas, como perigosas, porque a simples presença de uma pessoa moradora de rua em bairros importantes dos centros urbanos desvaloriza imóveis e, na avaliação dessas elites, tornam feias as ruas e praças”.
“A CPI contra o Padre Júlio é a reedição da escandalosa CPI contra o MST. Muito dinheiro público gasto para dar palco a forças políticas que não são comprometidas com o bem público. Ao tentar criminalizar o sacerdote católico romano, busca-se atingir organizações não-governamentais e movimentos sociais que, neste momento, estão zelando pela manutenção do nosso frágil senso de coletividade”, frisa a Conic, recordando que o sacerdote será alvo de uma comissão investigadora recém criada pela Câmara dos Vereadores de São Paulo.
Em finalizar o comunicado, a Conic afirma que “ao nos solidarizarmos com o padre Júlio e com o jornalista Breno Altman, afirmamos que as práticas da solidariedade em favor da justiça e de denúncia de crimes de guerra não podem ser tipificadas como crime”.
Breno Altman, fundador de Opera Mundi, é alvo de três decisões judiciais, todas monocráticas e em caráter liminar – ou seja, nenhuma delas, até o momento, julgou o mérito da ação. Essas decisões foram tomadas pela Justiça de São Paulo, que acatou pedidos da Conib que têm como objetivo censurar os comentários críticos de Altman ao sionismo.
São elas:
– Primeira instância civil: liminar do juiz Paulo Bernardo Baccarat, de 22 de novembro.
– Primeira instância penal: liminar da juíza Maria Carolina Ackel Ayoub, de 30 de novembro.
– Segunda instância civil: liminar do desembargador Luiz Augusto de Sales Vieira, de 26 de dezembro.
Todas as decisões contra o jornalista determinam que ele ou as redes sociais excluam mensagens publicadas por Altman em suas redes sociais, no qual há críticas do caráter racista do Estado de Israel e da política do governo do premiê Benjamin Netanyahu. A defesa do fundador de Opera Mundi está recorrendo contra essas decisões.
Leia a íntegra do comunicado da Conic clicando neste link.