O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, teria insultado o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, de “idiota” em pelo menos três momentos durante uma série de conversas privadas, de acordo com as informações repassadas por fontes internas da Casa Branca ao canal norte-americano NBC News, nesta segunda-feira (12/02).
Termos como “esse cara” e “idiota” teriam sido usados pelo democrata para se referir à liderança israelense, manifestando-se cada vez mais “irritado” com a campanha militar na Faixa de Gaza, que também é repudiada pela comunidade internacional e reconhecida como uma ação genocida pela Corte Internacional de Justiça (CIJ), em Haia.
Ainda segundo as fontes da NBC, Biden teria tentado convencer Netanyahu a aceitar um cessar-fogo no território palestino. No entanto, afirmaram estar sendo “impossível” negociar com o líder israelense.
“Ele sente que já deu”, disse um funcionário do presidente norte-americano citado pela emissora.
Atrito entre Biden e Netanyahu
No domingo (11/02), as autoridades de ambas as nações tiveram uma conversa de 45 minutos por telefone, segundo o canal israelense Keshet 12. Biden teria pedido a Netanyahu para aliviar a campanha militar e que ele não deveria enviar tropas para Rafah, no sul de Gaza, sem “um plano crível e executável”.
O democrata também “enfatizou a necessidade de capitalizar o progresso feito nas negociações para garantir a libertação de todos os reféns o mais rápido possível” e pediu medidas urgentes e específicas para aumentar a ajuda humanitária aos civis palestinos.
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Questionado sobre as recentes divergências entre ambas as lideranças, um porta-voz do Conselho de Segurança Nacional norte-americano afirmou que “o presidente foi claro por onde discorda do primeiro-ministro Netanyahu”, mas defendeu que a relação “de décadas” de ambos “é respeitosa em público e em privado”.
Contradição norte-americana
Enquanto Biden expressa frustração com relação à conduta israelense em Gaza, o alto representante da União Europeia, Joseph Borrell, apontou que há uma contradição nas falas e nas ações do democrata.
“Biden disse que as mortes de civis em Gaza são muitas. Caso forem muitas, então talvez seja necessário dar menos armas a Israel, é bastante lógico”, opinou Borrell, em uma coletiva de imprensa concedida nesta segunda-feira.
Ao mesmo tempo, o alto funcionário também proferiu críticas a Netanyahu, ao dizer que o israelense “não escuta ninguém”.
“Talvez seja hora de parar de pedir 'por favor' e fazer alguma coisa”, afirmou Borrell, acrescentando que a comunidade internacional deveria reconsiderar o fornecimento de armas a Israel devido à forma como a nação está liderando a operação militar.
Apesar das mais de 28 mil mortes na Faixa de Gaza e pressão internacional, o governo de Israel comandou seu exército para mais uma nova fase da guerra no território palestino, neste fim de semana.
Rafah, localizada no sul do enclave, e que faz fronteira com o Egito, é a região que está na mira dos israelenses, onde também se é conhecida como um “abrigo humanitário” para mais da metade da população total de Gaza que fugiu dos ataques concentrados no norte.