Se por um lado reféns palestinos estão sendo libertados por meio do acordo de trégua entre Israel e Hamas, que prevê uma pausa nos ataques e troca de prisioneiros, por outro, centenas estão sendo detidos na Cisjordânia ocupada.
As forças militares de Tel Aviv mataram mais oito palestinos, incluindo uma criança, e feriram outros seis, na região. As informações são do Ministério da Saúde local, deste domingo (26/11), que contabiliza um total de 239 fatalidades desde 7 de outubro apenas na Cisjordânia ocupada.
As cinco mortes aconteceram na cidade de Jenin, pela noite de sábado (25/11) e madrugada do dia seguinte, enquanto outras três fatalidades foram registradas em outras partes do território.
Além das mortes, até o momento, o exército comandado pelas autoridades de Tel Aviv prendeu 116 palestinos em pelo menos cinco cidades da Cisjordânia ocupada, de acordo com o Clube de Prisioneiros Palestinos.
Ações militares, bombardeios, invasões e torturas não param, mesmo com o tratado iniciado na sexta-feira passada (24/11) em vigor. Ainda que muitas famílias contem com a notícia da prorrogação da pausa por mais dois dias e, enquanto correm as negociações de troca de prisioneiros por ambas as partes, palestinos que se concentram na Cisjordânia têm as suas vidas ameaçadas pelos contínuos ataques israelenses. Ataques estes que têm ganhado intensidade e violência ao longo da guerra.
Flickr
Famílias e pessoas com enfermidades que dependem de tratamento denunciam agressividade do exército israelense na Cisjordânia ocupada
Famílias, mulheres, crianças e, sobretudo, pessoas com enfermidades denunciam a falta de piedade por parte das forças armadas do Estado judeu. Quem depende exclusivamente de tratamentos fora da região de Gaza, por exemplo, está vulnerável a quaisquer hostilidades de Israel. Chamam de “inferno burocrático” o processo de pedir autorização para sair do enclave e ser tratado fora, correndo o risco de perder a vida a qualquer momento.
Em Jenin, o exército chegou a invadir “de várias direções, disparando balas e cercando hospitais do governo e a sede do Crescente Vermelho”, descreveu a agência de notícias Wafa.
“Eles simplesmente fecharam as portas de entrada, invadiram o hospital e detiveram violentamente até mesmo mulheres idosas que acompanhavam crianças e interrogaram profissionais de saúde. Isso é inaceitável”, contou Aseel Abu Rass, porta-voz da ONG Médicos pelos Direitos Humanos, ao confirmar que agentes da polícia israelense costumam fazer uma “incursão” aos complexos hospitalares.
Vale lembrar que o ano passado foi considerado o “mais mortal” para os palestinos na Cisjordânia ocupada e em Jerusalém Oriental desde 2006, segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), registrando 170 vidas perdidas nas mãos de Tel Aviv. No entanto, neste ano, em menos de dois meses, as autoridades locais já somam mais de 371 palestinos mortos pelos ataques de Israel aos territórios.