“Vimos grandes danos, mas Israel ainda está longe de derrotar o Hamas. A maioria de seus combatentes ainda está viva”, avaliou Michael Milstein, chefe do Fórum de Estudos Palestinos do Centro Moshe Dayan de Estudos do Oriente Médio e da África para o jornal The Media Line, nesta quarta-feira (13/12), sobre os avanços do exército israelense em Gaza.
A análise de Milstein contrasta com a afirmação do ministro da Defesa israelense, Yoav Gallant, nesta segunda-feira (11/12), ao afirmar que o Hamas estava próximo do “ponto de ruptura” no norte de Gaza.
Com uma “meta ambiciosa” de eliminar o grupo palestino Hamas, após dois meses de guerra, 1.200 israelenses mortos, mais de 18 mil palestinos vitimados, com mais de 200 pessoas em estado de refém e ampla pressão internacional pelo fim da guerra, a publicação aponta para a “falta de clareza” quanto ao progresso das Forças de Defesa Israelenses (FDI).
Levando em consideração as diversas resoluções das Nações Unidas por um cessar-fogo do conflito e as mais recentes declarações dos Estados Unidos sobre a perda de apoio internacional por Israel, a publicação identifica as “insinuações norte-americanas de que o crédito de Israel é limitado”.
Avaliando não apenas a ofensiva israelense, bem como a estratégia do Hamas, Milstein afirma que os ataques do grupo palestino a Israel “são desnecessários para continuar sua luta”, uma vez que seu foco é a resistência em Gaza.
“Essa será uma guerra longa e exaustiva. Não veremos uma rendição em massa do Hamas, e não haverá um momento específico em que Israel poderá dizer que atingiu seu objetivo. Nesta guerra, que é mais parecida com uma briga de rua, será difícil dizer quem ganhou e quem perdeu”, avaliou Milstein.
Israel Defense Forces
Soldados israelenses combatendo em Gaza
Recapitulação do conflito
Após os ataques do grupo palestino em 7 de outubro, Israel iniciou sua ofensiva e evoluiu sua operação para uma incursão terrestre na Faixa, “especificamente nas cidades de Beit Hanoun e Bureij. Os militares progrediram então em direção à Cidade de Gaza, a capital do território, onde há uma concentração da administração do Hamas e de edifícios militares”. aponta o jornal.
Em meio a isso, autoridades israelenses acreditam que o Hamas detém de uma rede de túneis sob Gaza, onde estão supostamente escondendo-se e mantendo os reféns que ainda não foram libertados. Essa suposição de Israel fez com que seu exército cercasse e atacasse hospitais em Gaza, que além de trabalhar sem eletricidade e suprimentos médicos para atender aos feridos, ainda abrigavam palestinos que tiveram suas casas atacadas.
Uma trégua temporária foi alcançada no fim de novembro, mas o acordo foi encerrado em 1º de dezembro quando em acusações múltiplas de desrespeito do documento, Hamas e Israel voltaram aos combates. Neste tempo, 114 reféns israelenses foram libertados pelo grupo palestino em troca de meninas e mulheres de Gaza que estavam detidas em Israel.
Após a trégua, Israel voltou a atacar Gaza, mas de Norte a Sul, bombardeando áreas inclusive que anteriormente havia sugerido que palestinos refugiados se direcionassem a procura de um lugar seguro.
“O método das FDI é usar poder aéreo maciço, depois cercar as áreas visadas, seguido de incursões cada vez maiores nos territórios à medida que o domínio sobre esses territórios se fortalece com o tempo”, avaliou o professor Danny Orbach, historiador militar da Universidade Hebraica de Jerusalém, ao The Media Line.