A Arábia Saudita anunciou nesta quarta-feira (20/03) uma doação no valor de US$ 40 milhões (equivalente a cerca de 200 milhões de reais na cotação atual) à Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina (UNRWA). A UNRWA tem sofrido escassez de recursos após diversos países ocidentais terem suspendido o financiamento no momento em que Israel alegou que funcionários do órgão estiveram envolvidos com o Hamas, no ataque de 7 de outubro de 2023.
Conforme um comunicado divulgado pelo Centro de Ajuda e Assistência Humanitária Rei Salman, uma organização humanitária sediada na Arábia Saudita, os repasses serão destinados a apoiar os “esforços de ajuda humanitária” da agência da ONU na Faixa de Gaza, fornecendo “alimentos a mais de 250 mil pessoas e tendas a outras 20 mil famílias”.
“É crucial suprir as necessidades desesperadas da população de Gaza, que está ameaçada pela fome, de acordo com a ONU”, afirmou o diretor do centro saudita, Abdallah al-Rabeeah.
Com 13 mil funcionários ativos, a UNRWA é a principal organização que auxilia a população de Gaza em meio ao desastre humanitário. No momento, mais de 2 milhões de habitantes, dos 2,3 milhões totais, dependem do órgão para sobrevivência, incluindo comida e abrigo.
Acusação israelense contra funcionários da UNRWA
Na última semana de janeiro, Israel alegou que alguns funcionários da agência da ONU participaram da primeira ofensiva lançada pelo Hamas, em 7 de outubro de 2023.
A reação da UNRWA diante da acusação israelense, junto com o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, foi imediata. As autoridades da ONU se mobilizaram e abriram investigações dentro da agência destinada a refugiados. Na ocasião, dos 12 funcionários acusados, nove acabaram sendo demitidos.
No entanto, a denúncia israelense motivou diversos países ocidentais, incluindo os principais doadores, como os Estados Unidos, a decidirem bloquear repasses à UNRWA, o que gerou uma preocupação ainda maior por parte da agência, que já vinha relatando escassez de recursos básicos e apelando por mais auxílio internacional.
Lula reforçou doação à agência
Enquanto mais de uma dúzia de países declararam suspensão de financiamentos, o presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, prometeu ampliar as doações à UNRWA.
“O Brasil exorta a comunidade internacional a manter e reforçar suas contribuições para o bom funcionamento das suas atividades. Meu governo fará aporte adicional de recursos para a agência”, declarou o mandatário durante a visita à Embaixada da Palestina, em Brasília.
Na ocasião, Lula também classificou a situação fazendo uso do termo “punição coletiva”, da mesma forma como o próprio comissário-geral da UNRWA, Phelippe Lazzarini, se referiu no momento em que diversos países anunciavam a suspensão de ajuda.
“Chegou a hora de pôr fim à catástrofe humanitária que se abateu sobre os mais de dois milhões de palestinos que vivem em Gaza. Quase 30 mil pessoas morreram, a maioria crianças, idosos e mulheres indefesas. Mais de 80% da população foi realocada à força (…). Chega de punição coletiva”, afirmou o petista.
Os números mencionados pelo presidente brasileiro são relativos ao começo de fevereiro. Nesta quarta-feira, o Ministério da Saúde de Gaza revelou que o número de palestinos mortos subiu para 31.923, enquanto mais de 74.966 se encontram feridos em decorrência das operações israelenses em Gaza.