O Ministério da Saúde de Gaza, controlado pelo grupo islâmico Hamas, informou neste domingo (19/11) que os 31 bebês prematuros que estavam no hospital Al-Shifa, na Cidade de Gaza, serão transferidos para o Egito para receberem cuidados médicos adequados.
Os bebês viajarão sem os pais ou parentes, confirmou uma fonte do ministério.
A medida foi confirmada pela Sociedade do Crescente Vermelho Palestino (PCRS, na sigla em inglês), que afirmou que suas equipes realizaram a retirada dos bebês em coordenação com agências da ONU, incluindo a Organização Mundial da Saúde (OMS).
O hospital Al-Shifa se tornou foco de operações israelenses, com o Exército alegando que o Hamas o utiliza como base, enquanto as tropas combatem o grupo por trás dos ataques de 7 de outubro, que mataram 1.200 pessoas, a maioria civis.
Desde então, a autoridade sanitária do Hamas afirma que a campanha militar de Israel matou mais de 12.300 pessoas, a maioria civis.
“Zona da morte”
Num anúncio feito durante a madrugada, a OMS disse ter enviado uma equipe ao hospital e descreveu-o como uma “zona da morte”, dizendo estar “desenvolvendo urgentemente planos para a retirada imediata dos restantes pacientes, funcionários e suas famílias”.
A visita ocorreu depois que centenas de pessoas fugiram do hospital, o maior de Gaza, seguindo o que o diretor do Al-Shifa disse serem ordens do Exército israelense para que o hospital fosse esvaziado.
Israel negou ter ordenado a retirada.
A evacuação ocorrida neste sábado provocou a saída forçada de 2.500 deslocados internos que estavam abrigados no hospital, além de médicos e pacientes.
WHO/REUTERS
Equipe de apoio humanitário da OMS no hospital Al-Shifa
Depois disso, apenas 25 profissionais de saúde e 291 pacientes sem capacidade de locomoção permanecem no Al-Shifa, alguns em estado extremamente crítico, incluindo dois em cuidados intensivos, 22 em diálise e os 31 bebês que serão finalmente transferidos para território egípcio.
O risco para a vida dos bebês já se arrasta há mais de uma semana, quando as tropas israelenses cercaram o hospital. O complexo se encontra em condições extremas e já estava quase inoperante devido à falta de energia elétrica por conta da escassez de combustível.
No total, em pouco mais de uma semana, nove dos bebês que estavam no centro morreram por falta de oxigênio e energia nas incubadoras, segundo a pasta de Saúde de Gaza.
OMS tentará remover outros pacientes
Além da transferência dos bebês, a OMS também está tentando evacuar o restante do pessoal e os pacientes em estado grave que tiveram que permanecer no hospital.
A expectativa é que em algum momento sejam levados para o Complexo Nasser e para o Hospital Europeu de Gaza, ambos no sul da Faixa, informou a OMS, esclarecendo que estes dois centros também estão no limite da sua capacidade.
O porta-voz oficial do Exército israelense, Daniel Hagari, anunciou em coletiva de imprensa no sábado que suas tropas continuam operando no centro médico para descobrir infraestruturas subterrâneas do Hamas.