O governo da Bolívia publicou um comunicado na noite deste domingo (07/01) para manifestar seu apoio ao processo iniciado pela África do Sul na Corte Internacional de Justiça (CIJ), em Haia, no qual se acusa o Estado de Israel de cometer um genocídio contra o povo palestino residente na Faixa de Gaza.
No comunicado, a La Paz se refere ao processo na CIJ como uma “ação histórica” impulsionada por Pretória, e também recorda que Tel Aviv, em sua recente ofensiva militar no território palestino, estaria “violando suas obrigações ao abrigo da Convenção sobre o Genocídio”.
“A Bolívia, comprometida com a paz e a justiça, signatária da Convenção sobre o Genocídio, reconhece que a África do Sul deu um passo histórico na defesa do povo palestino, mostrando sua liderança e um esforço que deve ser valorizado por toda a comunidade internacional, que clama por ações pela proteção da vida”, expressou o Ministério de Relações Exteriores da Bolívia.
A África do Sul apresentou sua denúncia na CIJ, há dez dias, em 29 de dezembro, com um documento que critica “a conduta de Israel em relação aos palestinos em Gaza, por meio de seus órgãos estatais, agentes estatais e outras pessoas e entidades que atuam sob suas instruções ou sob sua direção, controle ou influência”.
UN News
Corte de Haia fará primeira audiência da denúncia contra Israel por crime de genocídio contra palestinos nesta quinta-feira (11/01)
Israel, por sua vez, rechaçou a iniciativa sul-africana, qualificando-a como “difamação repulsiva” e “infundada”. No entanto, o Tel Aviv vem preparando sua estratégia de defesa para enfrentar a denúncia, e inclusive vem cogitando a contratação de Alan Dershowitz, conhecido advogado que já trabalhou para Donald Trump e os criminosos sexuais Jeffrey Epstein e Harvey Weinstein, para realizar sua defesa no caso.
A CIJ marcou as primeiras audiências do caso para a quinta e sexta-feira desta semana (dias 11 e 12/01). As jornadas deverão revelar as primeiras avaliações dos magistrados sobre a denúncia, as quais definirão se os mesmos consideram a denúncia procedente (ou que a levaria a seguir tramitando) ou não (o que significaria o seu arquivamento).
A ofensiva militar de Israel na Faixa de Gaza completou três meses neste domingo (07/01) com um saldo de quase 23 mil civis palestinos mortos, equivalente a praticamente 1% da população total do território (de cerca de 2,3 milhões de pessoas).
Além disso, cerca de 91% da população local sobrevivente se encontra desabrigada e refugiada em hospitais, escolas ou acampamentos montados por entidades humanitárias como a Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur) e a Meia Lula Vermelha (entidade similar à Cruz Vermelha, que atua em países de maioria islâmica.