A demora do governo de Israel em aceitar o pedido do Brasil para permitir a repatriação de 34 cidadãos que estão em Gaza levou o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva a enviar uma mensagem com tom mais ríspido às autoridades de Tel Aviv.
Segundo o blog da jornalista Daniela Lima no portal G1, em matéria publicada nesta terça.-feira (07/11), o Itamaraty teria manifestado aos diplomatas israelenses que se algo acontecer aos brasileiros que estão na zona de conflito, as relações diplomáticas entre os dois países se tornarão “insustentáveis”.
O Brasil mantém um avião da Força Aérea Brasileira (FAB) há mais de 15 dias em uma região do Egito próxima à fronteira próxima à fronteira com Gaza.
A aeronave tem a missão de trazer a Brasília as 34 pessoas requisitadas pelo governo brasileiro: 24 de nacionalidade brasileira e outras 10 palestinas que possuem parentesco com cidadãos brasileiros.
O único obstáculo para a repatriação é a autorização do governo de Israel para que essas pessoas deixem a Faixa de Gaza. A equipe que negocia com o governo israelense a liberação dos brasileiros inclui o chanceler Mauro Vieira e o assessor especial de Lula para assuntos internacionais, Celso Amorim.
Cinco listas
Desde a formalização do pedido brasileiro, Tel Aviv já apresentou cinco listas de estrangeiros autorizados a deixar o território. Em nenhuma delas estavam as 34 pessoas incluídas no requerimento de Brasília.
Marcelo Camargo / Agência Brasil
Chanceler Mauro Vieira tem participado pessoalmente das negociações para liberação dos brasileiros que estão na Faixa da Gaza
A última lista israelense, entregue nesta mesma terça-feira, continha o nome de 605 pessoas, incluindo 159 alemães, 104 romenos, 102 ucranianos, 80 canadenses, 61 franceses, 51 moldavos, 46 filipinos e dois britânicos.
Assim como esta, as listas anteriores também apresentavam um maior número de cidadãos oriundos de países aliados ideologicamente com Israel ou que não questionam a narrativa do governo de Benjamin Netanyahu com relação à ofensiva contra os palestinos residentes em Gaza.
Postura brasileira
No entanto, vale destacar que a postura do governo brasileiro neste conflito não é de confrontação com Israel.
O presidente Lula manifestou diversas vezes seu repúdio aos ataques realizados pelo Hamas a territórios ocupados por colonos israelenses. Porém, também criticou a ação das Forças de Defesa de Israel (IDF, por sua sigla em inglês) pelo alto número de mortes civis durante os ataques, especialmente crianças, e também pelo bombardeio de hospitais, ambulâncias e campos de refugiados.
Ademais, o Brasil foi o autor de uma resolução no Conselho de Segurança das Nações Unidas na qual se determinava um cessar-fogo humanitário na região. A proposta teve 12 votos a favor de um total de 15, mas não foi aprovada devido a que o único voto contrário foi o dos Estados Unidos, um dos cinco países com poder de veto dentro do organismo.