O representante permanente do Brasil na ONU, Sérgio Danese, manifestou-se na tarde desta quarta-feira (18/10) após o Conselho de Segurança da organização rejeitar a proposta de paz brasileira para a situação em Gaza. “Silêncio” e “Inação” foram as descrições do embaixador para a situação.
“Infelizmente, muito infelizmente, o Conselho foi mais uma vez incapaz de adotar uma resolução sobre o conflito israelo-palestino. Mais uma vez, o silêncio e a inação prevaleceram”, anunciou Danese por meio de um comunicado veiculado pelo Itamaraty.
Após o Conselho de Segurança da ONU rejeitar a resolução brasileira, em especial com o veto dos Estados Unidos, aliado firme de Israel, o representante brasileiro afirmou que “lamenta profundamente que a ação coletiva tenha se tornado impossível” no ´órgão.
Falando sobre futuras resoluções de outros países, o embaixador disse esperar “que os esforços de outros atores possam produzir resultados positivos”, sendo “rápidos, eficazes e substanciais” porque “centenas de milhares de civis em Gaza não podem esperar mais. Na verdade, eles já esperaram demais. E em vão”.
Brasil agiu com urgência, mas paralisia dominou Conselho
Danese lembrou no comunicado que a liderança do Brasil foi requisitada, como presidente do Conselho de Segurança, e o país agiu com “senso de urgência e responsabilidade” diante de um “Conselho que precisava agir rapidamente”, mas deparou-se com uma paralisia do órgão.
No entanto lembrou que tal “paralisia diante de uma catástrofe humanitária não é do interesse da comunidade internacional”.
Twitter/UN Human Rights
Palestinos em Gaza em volta de vítimas dos ataques israelenses em hospital, nesta terça-feira (17/10)
Para o embaixador, o Brasil fez “um esforço de boa-fé para acomodar posições diferentes – às vezes opostas”, mas teve como orientação principal para a redação da proposta o direito internacional humanitário, pedindo assim pela instalação de corredores humanitários em Gaza e condenando as ações do Hamas, e cobrando “cumprimento de ambas as partes nas obrigações internacionais”.
Nesta linha, “o projeto refletia ainda a necessidade ética de fornecer aos civis em Gaza eletricidade, água, combustível, alimentos e suprimentos médicos” – elementos que têm sido restritos à população civil na região por causa do cerco total imposto por Israel.
A solução também visava a necessidade de proteger os palestinos de “deslocamentos forçados quando as condições no terreno não garantem um deslocamento seguro”.
Apesar do caráter multilateral, o projeto brasileiro teve 12 votos a favor, abstenções da Rússia e do Reino Unido e voto contra dos EUA. Para ser aprovado, era necessário que todos os membros-permanentes (China, EUA, França, Reino Unido e Rússia) aprovassem a proposta.