Em mais um capítulo da crise diplomática entre Brasil e Israel, o ministro das Relações Exteriores israelense, Israel Katz, divulgou nesta quarta-feira (21/02) um vídeo com a brasileira Rafaela Treistman, de 20 anos, sobrevivente do ataque do grupo palestino Hamas em 7 de outubro.
“Presidente Lula, por comparar nossa guerra justa contra o Hamas aos atos desumanos de Hitler e dos nazistas, Rafaela tem uma mensagem para você. Você deveria ouvir”, disse Katz.
A brasileira Rafaela Triestman estava no festival de música Nova quando terroristas do Hamas atacaram Israel, em 7 de outubro.
Rafaela sobreviveu, mas seu namorado Ranani Glazer foi brutalmente assassinado por terroristas do Hamas, juntamente com vários dos seus amigos.… pic.twitter.com/pbUIYbO5hk
— ישראל כ”ץ Israel Katz (@Israel_katz) February 21, 2024
Ao longo de oito minutos, Treistman, que há três anos mora em Israel, narrou os momentos de ataque do grupo contra a festa atacada em território israelense. Segundo a jovem, Ranani Glazer, seu então namorado, foi vitimado pelo confronto.
Além disso, a brasileira reclamou de não ter sido contatada pelo governo brasileiro e afirmou que familiares de outras vítimas também não foram contatados: “Nós sentimos que esqueceram da gente”.
Apesar de a jovem denunciar um suposto descaso do governo brasileiro em relação aos brasileiros vítimas do conflito, os dados oficiais mostram que a administração do presidente Lula organizou a repatriação de mais de 1.500 brasileiros desde outubro de 2023, segundo a Força Aérea Brasileira (FAB), responsável pelos voos de resgate. Entre os repatriados estavam tanto pessoas que viviam em Israel quanto na Faixa de Gaza.
Reprodução/Israel Katz
Ministro das Relações Exteriores israelense, Israel Katz, e jovem brasileira Rafaela Treistman
Treistman também disse discordar de que ocorra um genocídio em Gaza, e afirmou que Israel é um lugar de convivência entre judeus e muçulmanos, onde os palestinos tinham oportunidades.
Apesar das declarações da brasileira, mesmo antes da ofensiva israelense em Gaza, uma série de perseguições contra palestinos eram efetuadas pelo governo de Israel.
Exemplo disso é a denúncia da organização de direitos humanos dos palestinos em Israel, Adalah, sobre represálias que cidadãos civis palestinos que trabalhavam ou estudavam em território israelense sofreram nos últimos meses.
Os civis são acusados por suposto “apoio ao terrorismo” ou “simpatização com organizações terroristas” por expressarem “solidariedade com o povo palestino em Gaza ou mesmo por partilharem versículos do Alcorão”, instou a organização.
“Os cidadãos palestinos em Israel estão sofrendo uma dura repressão à liberdade de expressão. Trabalhadores e estudantes enfrentam suspensão, expulsão ou perda de emprego”, denunciou.
Segundo a Adalah, pelo menos dez trabalhadores e 40 estudantes palestinos foram suspensos de seus trabalhos ou locais de estudo.
A situação leva a autoridades e organizações de todo o mundo a considerar que Israel implementa um regime de Apartheid contra a Palestina.
(*) Com Ansa