O Egito teria reservado uma área no deserto, perto da fronteira com a Faixa de Gaza para receber os palestinos caso uma ofensiva israelense em Rafah provocasse um êxodo em seu território, segundo informações da agência Reuters.
O país já teria começado a colocar instalações básicas no local, que seriam usadas para abrigar palestinos em áreas no deserto. A construção do acampamento teria começado há três ou quatro dias. O objetivo seria oferecer um abrigo temporário para os civis que cruzarem a fronteira e até “uma solução ser encontrada”.
O governo negou oficialmente a informação, mas vem alertando que os ataques israelenses têm deslocado os palestinos para a região do Sinai, no leste da fronteira com Israel, o que é considerado “inadmissível” pelos líderes egípcios.
Os Estados Unidos se opõem ao deslocamento forçado de palestinos de Gaza e há esperanças de que as negociações atuais levem a um cessar-fogo entre Israel e o Hamas, mas a criação dessa zona seria uma “medida de precaução”, divulgou fontes diplomáticas.
Israel anunciou que continuará suas operações em Rafah, que se tornou o último refúgio para os palestinos desde o início da guerra na Faixa de Gaza, em 7 de outubro de 2023. O governo israelense disse que o Exército está desenvolvendo um plano para retirar os civis da cidade e enviá-los para outras partes do país.
Na quinta-feira (15/02), Martin Griffiths, coordenador de Assuntos Humanitários das Nações Unidas, disse que seria “ilusório” imaginar que os palestinos de Gaza poderiam ser retirados da área em segurança.
EUA voltam a alertar sobre risco de ofensiva
O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, conversou nesta quinta-feira pelo telefone com o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu. Biden reafirmou que se opõe a uma ofensiva em Rafah que não leve em conta a segurança dos civis.
“O presidente reiterou sua posição de que uma operação militar não deve ser colocada em prática sem um plano que garanta a proteção e o apoio aos civis em Rafah”, indicou a Casa Branca.
A comunidade internacional, liderada pelos Estados Unidos, voltou a pedir a Israel que desista de lançar uma ofensiva em Rafah, onde quase 1,5 milhão de palestinos estão presos na fronteira com o Egito.
Netanyahu anunciou uma “operação de peso” contra a cidade para dar o que chamou de “golpe final no Hamas”, que controla a Faixa de Gaza desde 2007, mas disse que seu Exército autorizaria os civis a “deixar as zonas de combate”.
Cerca de 1,5 milhão de pessoas estão amontoadas em Rafah, que foi transformada em um gigantesco acampamento. “Mais da metade da população do território está concentrada em menos de 20% da Faixa de Gaza”, disse a ONU.
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Cerca de 1,5 milhão de pessoas estão amontoadas em Rafah após ofensivas israelenses
Rafah também é o principal ponto de entrada para a ajuda humanitária do Egito, que é controlada por Israel e é insuficiente para atender às necessidades da população de Gaza.
Durante a conversa, Biden também “reafirmou seu compromisso de trabalhar para garantir a libertação de todos os reféns o mais rápido possível”.
De acordo com Israel, 130 reféns ainda estão detidos em Gaza, de um total de cerca de 250 pessoas sequestradas de seu território em 7 de outubro. Uma trégua de uma semana em novembro libertou 105 reféns e 240 palestinos detidos por Israel.
Negociações para trégua continuam
As negociações para uma trégua que inclua novas libertações de reféns do Hamas e palestinos detidos por Israel continuam no Cairo até sexta-feira (16/02), e estão sendo mediadas pelo Catar, Egito e Estados Unidos.
Netanyahu rejeitou na noite de quinta-feira qualquer reconhecimento internacional de um Estado palestino, em reação a um plano mencionado pelo jornal norte-americano Washington Post.
“Tal reconhecimento, após o massacre de 7 de outubro, recompensaria o terrorismo e impediria qualquer futuro acordo de paz”, disse o primeiro-ministro israelense em sua conta no X, anteriormente Twitter.
O jornal relata que o governo Biden e vários países árabes aliados dos Estados Unidos estão trabalhando em um plano para estabelecer uma paz duradoura entre israelenses e palestinos após o fim da guerra de Israel contra o Hamas.
O plano incluiria um cessar-fogo “por pelo menos seis semanas”, a libertação de reféns israelenses e um cronograma para um eventual estabelecimento de um Estado palestino.
O Washington Post cita autoridades norte-americanas e árabes que esperam um acordo antes de 10 de março, quando começa o Ramadã. O plano pode ser discutido na Conferência de Segurança de Munique, que começa nesta sexta-feira.
Pacientes morrem por falta de oxigênio
Nesta sexta-feira, quatro pacientes morreram em decorrência de cortes de energia que interromperam a distribuição de oxigênio em um hospital de Gaza, depois que as forças israelenses assumiram o controle do local.
Segundo o Hamas, outros nove pacientes na unidade de terapia intensiva e no berçário do Hospital Nasser, em Khan Younis, correm risco. O grupo radical palestino responsabilizou “as forças israelenses pela vida dos pacientes e das equipes” no local.
O Ministério da Saúde do Hamas relatou um número de 112 mortos durante a noite de quinta para sexta-feira, em toda a Faixa de Gaza, e de 28.775 pessoas desde o início da ofensiva.