O Centro Internacional de Justiça para os Palestinos (ICJP, por sua sigla em inglês), entidade com sede no Reino Unido e que defende os interesses da comunidade palestina na Europa, anunciou nesta segunda-feira (16/10) que irá processar qualquer político britânico que considere estar atuando em “cumplicidade com os crimes de guerra cometidos em Gaza”.
O comunicado da organização incluiu a revelação do primeiro processo já protocolado, contra o primeiro-ministro do Reino Unido, o conservador Rishi Sunak, cuja postura nos últimos dias tem sido de total apoio a Israel. O político e seu Partido Conservador vêm justificando todas as medidas tomadas pelo governo de Benjamin Netanyahu.
Porém, chamou a atenção o fato de que a nota divulgada pelo ICJP dá maior destaque à posição adotada pelo Partido Trabalhista, considerado como a principal legenda da esquerda britânica.
?UPDATE?
ICJP has now issued the Labour Leadership with a notice of intention to prosecute any UK politician for their complicity in war crimes in Gaza.
The announcement comes after Saturday’s notice to @RishiSunak of the UK government’s complicity in Israeli war crimes. pic.twitter.com/UZgbMoM6za
— ICJP (@ICJPalestine) October 16, 2023
O texto chega a citar o líder trabalhista Keir Starmer, além de Emily Thornberry e David Lammy, duas das suas principais figuras na atualidade, afirmando que o trio foi notificado sobre a intenção do ICJP de processar “qualquer político do Reino Unido pode ser individualmente responsável pelo seu papel na cumplicidade com os crimes de guerra israelenses”.
A medida surtiu efeito, já que fez com que Starmer retificasse uma declaração dada dias atrás, na qual apoiou a decisão de Tel Aviv de bloquear o envio de água, eletricidade, alimentos e outros suprimentos básicos aos palestinos residentes na Faixa de Gaza.
Partido Trabalhista do Reino Unido
Líderes do Partido Trabalhista britânico retificaram suas declarações após serem acusados de justificar crimes cometidos por Israel
O político trabalhista tentou explicar que não se tratou de uma nova versão, mas acrescentou que apoia Israel, em caso de “medidas que estejam em conformidade com o direito internacional” – adendo que não havia sido mencionado na mensagem original.
“Reiteramos o nosso apelo para que o Hamas liberte imediatamente todos os reféns e para a proteção de vidas civis inocentes em Israel e em Gaza”, acrescentou Starmer.
Entretanto, o ICJP reclamou que a revisão da mensagem por parte do líder trabalhista “evitou condenar a perpetração de crimes de guerra por Israel e não mencionou a questão da proporcionalidade (do uso da força)”.
O secretário do Partido Trabalhista para Assuntos Exteriores, David Lammy, chanceler do “gabinete nas sombras” da oposição britânica, emitiu uma mensagem mais abrangente sobre o tema, neste domingo (15/10), embora com um discurso alinhado ao do governo conservador do Reino Unido.
“Israel tem o direito de se defender e nós apoiamos isso. Nossa proposta busca distinguir os terroristas do Hamas dos civis palestinos que sofrem terrivelmente com esta guerra. O direito internacional exige a proteção dos civis e o acesso a alimentos, água e eletricidade. Precisamos de corredores humanitários em Gaza”, afirmou Lammy.
We support Israel’s right to defend itself.
We must distinguish Hamas terrorists from Palestinian civilians suffering terribly in this war.
International law requires the protection of civilians and access to food, water and electricity.
We need humanitarian corridors in Gaza. pic.twitter.com/LJefnOEvvg
— David Lammy (@DavidLammy) October 15, 2023