Desde os ataques do Hamas em 7 de outubro, cidadãos civis palestinos que trabalham ou estudam em território israelense têm sofrido represálias por suposto “apoio ao terrorismo” ou “simpatização com organizações terroristas”, denuncia a organização de direitos humanos dos palestinos em Israel, Adalah.
“Os cidadãos palestinos em Israel estão sofrendo uma dura repressão à liberdade de expressão. Trabalhadores e estudantes enfrentam suspensão, expulsão ou perda de emprego por expressarem solidariedade com o povo palestino em Gaza ou mesmo por partilharem versículos do Alcorão”, insta a organização.
Segundo a Adalah, pelo menos dez trabalhadores e 40 estudantes palestinos foram suspensos de seus trabalhos ou locais de estudo, principalmente por se solidarizarem com a população da Faixa de Gaza, altamente atacada pelas Forças de Defesa Israelenses (FDI).
A organização palestina recebeu as denúncias dos estudantes em 10 de outubro e explica que a maioria das notificações de expulsão ou afastamento, e em alguns casos despejo dos alojamentos estudantis, foram emitidas “sem dar aos estudantes uma oportunidade de serem ouvidos para se defenderem dessas acusações”.
Wikicommons
Universidade de Haifa, em Israel, expulsou e deu ordem de despejo a estudante palestina
Para Salam Irsheid, um dos advogados da organização, as acusações de “incitamento ao terrorismo são graves e exigem provas em tribunal”, apontando para a ilegalidade das ações tomadas pelas empresas e instituições de ensino de Israel.
Além da represália, alguns cidadãos passaram pelo constrangimento de investigações ou mesmo a obrigação do comparecimento a um comitê disciplinar.
No momento, a Adalah representa 12 estudantes e enviou cartas a diversas instituições de ensino “exigindo o cancelamento imediato das expulsões ou suspensões”.
Mencionando um caso na Universidade de Haifa, que além de expulsar uma estudante, exigiu que deixasse seu dormitório no dia seguinte, a Adalah acusa a instituição de cometer uma decisão “arbitrária e sem razão, feita na ausência de autoridade e em violação da lei, além de constituir uma violação grave dos direitos dos estudantes a um processo justo, à habitação e à liberdade de expressão”.
Após a carta da organização, a Universidade de Haifa permitiu que a estudante continuasse a morar no alojamento, mas “ignorou os argumentos processuais e constitucionais apresentados”.