Quinta-feira, 12 de junho de 2025
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Com a crise Israel-Palestina entrando na quarta semana, as equipes de ajuda da ONU destacaram nesta segunda-feira (30/10) a pressão crescente sobre os hospitais do norte de Gaza, onde estão pacientes e profissionais de saúde. 

Segundo o Escritório de Assuntos Humanitários da ONU (Ocha), as vizinhanças dos hospitais Shifa e Al Quds, na cidade de Gaza, e do hospital Indonésia, no norte do enclave, foram bombardeadas no fim de semana, em meio a relatos de amplas operações terrestres israelenses.

A evacuação continua “impossível”

De acordo com o Ocha, cerca de 117 mil pessoas deslocadas estão abrigadas nos 10 hospitais ainda operacionais em Gaza e em outras partes do norte da cidade, que receberam “repetidas ordens de evacuação” nos últimos dias.

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A Organização Mundial da Saúde, OMS, reiterou que “a evacuação dos hospitais é impossível sem pôr em perigo a vida dos pacientes”.

Cesarianas de emergência estão sendo realizadas sem anestesia em meio à escassez de suprimentos médicos e energia e muitos partos estão sendo realizados de forma prematura, disse o Fundo de Populações da ONU, Unfpa, citando testemunhos da equipe do Hospital Shifa.

A Agência da ONU de Assistência aos Refugiados Palestinos (Unrwa) disse, também nesta segunda-feira, que seus trabalhadores humanitários em Gaza “continuam prestando assistência” a mais de 600 mil pessoas que buscaram segurança nos abrigos da organização. 

“Eles são o rosto da humanidade durante uma das suas horas mais sombrias”, disse a Unrwa em um comunicado.

Número de mortos continua aumentando

A agência realizou um serviço memorial no domingo para 59 dos seus funcionários mortos no conflito até agora, e o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, sublinhou a sua “gratidão, solidariedade e total apoio” aos colegas que trabalham para salvar vidas em Gaza enquanto arriscam as suas próprias.

Cerca de 117 mil pessoas estão abrigadas nos 10 hospitais que ainda funcionam em Gaza, em meio a intensificação de bombardeios e amplas operações terrestres israelenses

OMS/ONU News

Hospital Al-Quds em Gaza permanece aberto

Na noite de domingo (29/10), o número de mortos em Gaza desde 7 de outubro ultrapassou a marca de 8 mil, de acordo com o Ministério da Saúde administrado pelo Hamas em Gaza.

O Ocha também disse que os disparos indiscriminados de foguetes de grupos armados palestinos contra cidades e vilas israelenses continuaram nas últimas 24 horas, sem relatos de mortes.

De acordo com as autoridades de Israel, 239 israelenses e cidadãos estrangeiros, incluindo cerca de 30 crianças, permanecem reféns em Gaza e 40 pessoas ainda são dadas como desaparecidas na sequência dos ataques do Hamas contra Israel, em 7 de outubro, que mataram 1,4 mil pessoas.

A ONU apelou repetidamente pela libertação imediata e incondicional dos reféns. Guterres repetiu no domingo que “nunca há justificativa para matar, ferir e raptar civis”.

Agitação civil

No domingo, “pelo menos 33 caminhões” transportando água, alimentos e suprimentos médicos entraram em Gaza através da passagem de Rafah com o Egito, a maior entrega deste tipo desde que os comboios foram retomados em 21 de outubro.

Segundo o Ocha, “embora este aumento seja bem-vindo, é necessário um volume muito maior de ajuda numa base regular para evitar uma maior deterioração da terrível situação humanitária, incluindo a agitação civil”.

Durante o fim de semana, milhares de pessoas invadiram vários armazéns e centros de distribuição da Unrwa, levando farinha de trigo, produtos de higiene e outros artigos.

Ao mesmo tempo, um apagão de telecomunicações que durou mais de 24 horas isolou os habitantes de Gaza do resto do mundo e uns dos outros. 

O diretor de Operações da Unrwa, Tom White, descreveu o desenvolvimento como “um sinal preocupante de que a ordem civil está a começar a ruir após três semanas de guerra e um cerco estrito a Gaza”. 

O Ocha ressaltou mais uma vez que a entrada de combustível, que não foi permitida nos caminhões de ajuda, é “urgentemente necessária” para operar equipamentos médicos e instalações de água e saneamento.