Uma série de fotos e vídeos divulgada pelo chefe da Autoridade de Antiguidades de Israel repercutiu negativamente em redes sociais. Na semana passada, Eli Askozido “ostentou” artefatos e bens que os militares israelenses roubaram na Faixa de Gaza e que posteriormente foram levados ao Parlamento de Israel, em Knesset.
Diante das reações inesperadas, em um primeiro momento, a autoridade removeu as postagens. Neste domingo (21/01), foi emitido um comunicado alegando que os itens foram apenas “examinados e deixados intactos no local”.
“A Autoridade de Antiguidades de Israel foi chamada pelo exército israelense para inspecionar um armazém em Gaza contendo itens antigos, ou que parecem ser antigos. Um exame preliminar foi conduzido por um arqueólogo e um relatório escrito será submetido posteriormente ao exército”, afirmava a nota publicada pelo Instagram.
No entanto, a justificativa apresentada pelo israelense entrou em contradição, uma vez que, em outro vídeo publicado como “story” (postagem que expira em 24 horas), Askozido escreveu: “a exibição de uma pequena vitrine foi colocada no Knesset”.
Mesmo com a postagem expirada, jornalistas e internautas conseguiram registrar as imagens.
Official Israeli Antique Theft from Gaza |
Director of Israel’s Antiquities Authority announce that his deputy went to Gaza and stole antiquities from the strip.
The antiquities were stolen and displayed in Israel’s Kenesset! according to the director Eli Ekozido. pic.twitter.com/9v55zgXU32
— Younis Tirawi | يونس (@ytirawi) January 21, 2024
Instagram/elieskozido
Exército israelense é acusado de roubar artefatos de Gaza e exibir itens no Parlamento do Knesset
De acordo com o veículo Middle East Eye, Khaled Yousry, um ativista pró-Palestina denunciou o diretor e classificou suas ações como “crime de guerra”.
“O roubo de antiguidades é considerado um crime de guerra de acordo com o direito internacional. O comércio ilícito de bens culturais, incluindo antiguidades, é um crime nos termos da Convenção da Unesco de 1970 sobre as medidas tomadas para prevenir a importação, exportação e transferência de propriedade de bens culturais”, escreveu Yousry, em rede social.
No começo do ano, o gabinete de comunicação social de Gaza havia alertado que, desde 7 de outubro, o exército israelense tem saqueado dinheiro, ouro e artefatos no valor de cerca de US$ 25 milhões.
Na ocasião, o órgão palestino informou, por meio de comunicado, que os roubos ocorreram “de diversas formas”, destacando especialmente a rua Salah al-Din — onde os israelenses pegaram os pertences de palestinos deslocados que levavam os únicos objetos de valor que tinham, como dinheiro e ouro.
O gabinete também denunciou que algumas residências em Gaza foram saqueadas pelos próprios soldados israelenses que obrigaram os palestinos a fugir.
O Middle East Eye chegou a mencionar alguns episódios relacionados, como quando um militar roubou “um colar de prata de Gaza para levar à sua namorada em Israel” e quando outro oficial “roubou maquiagem para levar de presente a Israel”.
De acordo com o veículo, até o momento, pelo menos 195 locais históricos na Faixa de Gaza, incluindo um antigo porto e mosteiros cristãos, foram destruídos ou danificados desde o início do agravamento dos ataques israelenses contra o povo palestino, em 7 de outubro.