“Ainda não temos nenhuma prova de um planejamento sério sobre uma operação desse porte, e realizá-la sem reflexão em uma área onde um milhão de pessoas estão abrigadas seria um desastre”, declarou o porta-voz do departamento de Estado, Vedant Patel.
O chefe da diplomacia norte-americana, Antony Blinken, que concluiu na quinta-feira uma viagem regional visando encorajar os esforços para o fim dos combates, instou, no dia anterior, seu aliado israelense a “proteger” os civis nas suas operações militares em Gaza, lançadas em retaliação ao ataque sem precedentes do Hamas em solo israelense em 7 de outubro.
Mas o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, ordenou preparativos para uma ofensiva em Rafah, no extremo sul da Faixa de Gaza, na fronteira fechada com o Egito, onde 1,3 milhão de palestinos estão amontoados, a grande maioria deslocada pelos confrontos dos últimos meses.
Blinken deixou Israel no início da tarde depois de insistir durante sua viagem por um acordo de trégua que permitisse a entrega de mais ajuda à Faixa de Gaza, onde a situação humanitária é um “catastrófica” segundo a ONU, e pela libertação dos reféns israelenses detidos no território palestino.
Testemunhas e fontes hospitalares relataram ataques noturnos mortais no sul do território, particularmente em Rafah. O Ministério da Saúde do Hamas contabilizou um total de 130 mortes nas últimas 24 horas.
Wikimedia Commons
Bairro residencial de Rafah chamado Hi Alijnina, após ataque aéreo israelense, 30 de dezembro 2023
Ataques aéreos
Segundo um jornalista da AFP, o exército israelense realizou sete ataques aéreos em Rafah. “Estes bombardeamentos são a prova de que Rafah não é um lugar seguro”, diz Oum Hassan, 48 anos, cuja casa foi danificada pelo ataque.
O secretário-geral da ONU, António Guterres, alertou que um ataque a Rafah iria “piorar ainda mais o que já é um pesadelo humanitário”.
O alto comissário para os direitos humanos da ONU, Volker Türk, alertou na quinta-feira que a destruição de edifícios pelo Exército israelense na zona fronteiriça com Israel em Gaza, numa tentativa de estabelecer uma “zona tampão”, constituía um “crime de guerra”.
“Com relação a Rafah Israel tem a obrigação de fazer todo o possível para garantir que os civis sejam protegidos e tenham acesso à ajuda de que precisam”, disse Blinken na quarta-feira (07/02), após se reunir com Netanyahu.
O Exército israelense informou na quinta-feira que estava realizando operações no norte e no sul da Faixa de Gaza, afirmando ter prendido dois “terroristas” que participaram do ataque de 7 de outubro.
Nova rodada de negociações
No Cairo, teve início na quinta-feira uma “nova rodada de negociações”, patrocinada pelo Egito e pelo Catar com a participação do Hamas, para obter “calma na Faixa de Gaza”, e uma troca de prisioneiros e reféns palestinos, anunciou um responsável egípcio à AFP.
“Esperamos negociações muito (…) difíceis, mas o Hamas está aberto a discussões e espera alcançar um cessar-fogo em breve”, explicou um responsável próximo do movimento islâmico palestino.
O presidente americano, Joe Biden, receberá o rei Abdullah II da Jordânia na Casa Branca no dia 12 de fevereiro, para discutir “a situação em Gaza” e “a ideia de uma paz duradoura através de uma solução de dois Estados que garanta a segurança de Israel”.