O exército israelense ordenou nesta segunda-feira (18/03) à população civil que evacuasse “imediatamente” a área do hospital al-Chifa, na cidade de Gaza. Os combates começaram pouco antes do amanhecer no local, onde militares israelenses entraram durante uma operação, em 15 de novembro.
A ordem para evacuação da área do hospital foi feito por um porta-voz do Exército, em um comunicado publicado na rede social X (ex-Twitter). “Apelo a todas as pessoas presentes e deslocadas no bairro de al-Rimal, no hospital de al-Chifa e arredores: para sua segurança, devem evacuar imediatamente a área”, diz a mensagem em árabe.
“Nas últimas horas, os soldados identificaram terroristas atirando contra eles de vários prédios do hospital. Os soldados responderam ao fogo contra os terroristas e atingiram vários deles”, acrescentou o último comunicado militar.
Segundo autoridades de saúde locais, a incursão no hospital fez várias vítimas e provocou um grande incêndio em um dos prédios. O Exército israelense alega que importantes membros do Hamas se escondiam no local.
O porta-voz do Exército israelense, general Daniel Hagari, descreveu “uma operação de alta precisão em áreas limitadas do hospital al-Chifa. (…) Sabemos que os principais terroristas do Hamas se reuniram no hospital e o utilizam para dirigir operações contra Israel”, diz.
Testemunhas relataram bombardeios no bairro de Al-Rimal, onde está localizado o centro hospitalar que, segundo fontes palestinas, estaria cercado por tanques. Também há relatos de troca de tiros dentro do hospital.
O Ministério da Saúde de Gaza apela à comunidade internacional para intervir visando pôr fim ao que está a sendo descrito como um “massacre”.
Orientações
A orientação do Exército israelense é para que a população saia “em direção ao oeste”, ou seja, em direção ao mar, e depois tome a estrada ao longo da costa “em direção ao sul, até a zona humanitária de al-Mawasi”, localizada a quase 30 quilômetros de distância.
Testemunhas disseram à AFP que panfletos com a mesma mensagem foram lançados na área. “Você está numa zona de combate perigosa!”, pode-se ler nestes folhetos.
Moradores do bairro de al-Rimal, onde está localizado o hospital, alegaram ter visto a entrada de “mais de 45 tanques e veículos blindados israelenses”. Alguns relataram “combates” no hospital.
Desde o início da guerra entre Israel e o Hamas, em 7 de outubro, o Exército israelense tem realizado operações em vários hospitais do território palestino. Os israelenses acusam o Hamas de usar estabelecimentos de saúde como centros de comando.
Uma trégua à vista?
Ao mesmo tempo, uma delegação israelense deve retomar as negociações para uma trégua e troca de reféns e de prisioneiros palestinos. A delegação israelense enviada ao Catar é liderada pelo chefe da Mossad, David Barnea, que teria ampliado as prerrogativas para finalizar um acordo com base nas propostas do Hamas.
Do lado israelense, as condições são consideradas ruins, mas oferecem uma base possível para negociações. “É difícil dizer que estamos otimistas”, afirmou uma fonte na política israelense, nesta segunda-feira de manhã.