O massacre de Israel contra a população palestina na Faixa de Gaza continua após mais de três meses e a autoridade de saúde local fala em 23 mil mortos, sendo 40% deles menores de 18 anos de idade. Existe a preocupação com a expansão do conflito caso Israel insista em ataques contra líderes e integrantes do Hezbollah, no Líbano.
Arturo Hartmann, pesquisador de Relações Internacionais e membro do Centro Internacional de Estudos Árabes e Islâmicos da Universidade Federal de Aracaju, acredita que há esse risco, mas nem Hezbollah e nem Israel estão ainda com forte consenso em começarem outro conflito.
“A partir da situação econômica que o Líbano vive hoje, seria uma tragédia, do ponto de vista da necessidade de reconstrução, das possibilidade econômicas já super comprometidas, entrar em guerra com Israel. Mas, sim, as possibilidades aumentaram. E não só pelo assassinato do principal líder do Hezbollah que aconteceu de segunda pra terça, mas na semana passada, houve o assassinato de um líder do Hamas que morava no Líbano e foi atacado em Beirute. Então, essa é a linha vermelha mais radical que se passou”, explica ele.
Twitter/State of Palestine – MFA
Desde que conflito em Gaza começou em 7 de outubro, milhares de palestinos morreram; jornalistas também foram alvos
Imprensa em risco
Jornalistas também não têm sido poupados pela guerra. Um ataque aéreo de Israel em Rafah, no sul de Gaza, matou dois profissionais da imprensa no último domingo (07/01). Uma das vítimas era cinegrafista independente. O outro morto foi um repórter que trabalhava com seu pai, também jornalista e editor-chefe no canal de TV Al Jazeera, segundo o Ministério da Saúde de Gaza. Ao todo, pelo menos 80 jornalistas foram vítimas da guerra até agora.
Arturo diz que existe um ataque deliberado, o que acaba tornando os jornalistas reféns. E que o extermínio também dos profissionais pode ocasionar na falta de informações do que, de fato, acontece na região.
“Não se diferencia profissionais da saúde, jornalistas… Os jornalistas acabam entrando nesse bojo. Aí basicamente estão atacando as possibilidades de a gente saber o que está acontecendo em Gaza. Dentro desse universo das redes sociais tem tantos jornalistas palestinos transmitindo de Gaza e a gente tem visto o que é esse genocídio em tempo real. Mas, obviamente, temos vivido esse drama pessoal deles. Então, são ataques deliberados, no sentido de que não há respeito com esses profissionais jornalistas como não há com outros setores da sociedade palestina”, argumenta o pesquisador.