O chefe militar das Forças de Defesa Israelenses (FDI), Herzi Halevi, alertou as autoridades de Israel que “os ganhos obtidos ao longo de três meses de guerra” contra os palestinos “podem ser desperdiçados” caso não haja um plano para a Faixa de Gaza em uma possível gestão pós-guerra.
“Estamos enfrentando a erosão dos ganhos obtidos até agora na guerra porque nenhuma estratégia foi elaborada para o dia seguinte”, declarou Halevi ao Canal 13, da mídia israelense, afirmando que comunicou sua preocupação ao primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu, e ao ministro de Defesa, Yoav Gallant.
A informação é do jornal local Times Of Israel, em uma publicação nesta terça-feira (16/01), de acordo com um relatório de guerra publicado na última segunda-feira (15/01).
De acordo com a análise do chefe militar, é possível que o exército israelense precise voltar a operar em áreas onde combates já foram concluídos devido a falta de planejamento.
Segundo o veículo israelense, a preocupação de Halevi vai ao encontro de comentários de analistas de guerra sobre “a falta de preparação para um 'dia seguinte' em Gaza”, à medida que os combates mais intensos preparados pelas FDI chegam ao fim, como afirmou Gallant.
Segundo sua declaração, também nesta segunda-feira, “a fase intensiva da ofensiva terrestre de Israel no norte de Gaza terminou, e em breve terminará também na área de Khan Younis, no sul da região”.
Apesar das previsões de Gallant, as FDI informaram que os combates em Gaza devem continuar durante todo o ano de 2024 e até que todos os reféns sejam libertados.
No entanto, o ministro reconheceu que a “indecisão política” sobre o futuro de Gaza “pode prejudicar o progresso da operação militar”, afirmando que a região “deve ser governada por palestinos”.
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É possível que exército israelense precise voltar a operar em áreas onde combates já foram concluídos devido a falta de planejamento
Faixa de Gaza pós-guerra
Segundo o relatório das FDI, Israel não pretende ocupar a Faixa de Gaza, mas deve manter soldados para controlar as ações do grupo palestino responsável pelos ataques de 7 de outubro, o Hamas.
O jornal israelense ainda apontou para os entraves dentro do governo de Netanyahu, dificultando reuniões sobre a administração de Gaza no pós-guerra.
“As tentativas do governo de convocar ministros para conversações sobre a gestão da Faixa e manter o Hamas fora do poder à medida que os militares recuam foram dificultadas por lutas internas no gabinete de segurança e por questões relativas ao calendário das reuniões”, destaca a publicação.
O Times Of Israel escreveu em dezembro sobre as condições que o país estava estabelecendo para que suas tropas voltassem a ocupar a Faixa de Gaza após a guerra.
Baseado nas declarações de diplomatas, “não há voluntários para governar a região além da Autoridade Nacional Palestina (ANP), a quem o governo israelense está determinado a enfraquecer”.
As afirmações concordam com o posicionamento de Netanyahu, desde o início do conflito, em 7 de outubro. Segundo ele, Israel manterá “o controle geral de segurança” da Faixa de Gaza após “eliminar o Hamas” a fim de “garantir que um ataque semelhante nunca mais ocorra”.
No entanto, os planos de Israel não preveem fornecer administração civil aos mais de dois milhões de palestinos que vivem na Faixa de Gaza. Segundo o Times Of Israel, há um estatuto que prevê o controle da segurança, embora “não seja responsável pelos serviços civis para os palestinos”.
Desde o início da guerra, em 7 de outubro de 2023, mais de 24 mil palestinos foram mortos na Faixa de Gaza pelos ataques israelenses, segundo o Ministério da Saúde regional. Dentro desde dado, 75% das vítimas são mulheres, idosos e crianças.
Diante disso, a África do Sul denunciou Israel por genocídio na Corte Internacional de Justiça (CIJ), conhecida como Corte de Haia, no final de dezembro passado.