A contagem diária realizada no portal oficial da Federação Internacional de Jornalistas (FIJ) informou neste domingo (26/11) que 74 correspondentes foram mortos enquanto cobriam a guerra em Gaza durante o bombardeio de Israel.
No dia 13 de Outubro, a FIJ e as suas organizações afiliadas em todo o mundo apelaram à Unesco para que fizesse todo o possível para proteger os jornalistas e exigisse que as partes envolvidas reduzissem a escalada da violência.
Vale lembrar que os números oficiais foram contabilizados desde 7 de outubro deste ano, quando começou a mais recente escalada de violência envolvendo o Movimento de Resistência Islâmica (Hamas) e as Forças Armadas de Israel.
Como resultado desse conflito, 74 jornalistas foram mortos, nos intensos ataques e confrontos em Gaza. O Comitê para Proteção dos Jornalistas (CPJ) também contabilizou três profissionais de mídia desaparecidos e 19 jornalistas que foram detidos por Israel.
“O CPJ enfatiza que os jornalistas são civis que fazem um trabalho importante em tempos de crise e não devem ser alvos das partes em guerra”, disse o coordenador do programa do CPJ para o Oriente Médio e Norte da África, Sherif Mansour, em um comunicado oficial.
Mansour disse que os jornalistas também estão sendo ameaçados por exercerem sua profissão, dizendo a verdade sobre o genocídio que está ocorrendo em Gaza.
“Os jornalistas da região estão fazendo enormes sacrifícios para cobrir esse conflito desolador. Os de Gaza, em particular, pagaram e continuam pagando um preço sem precedentes e enfrentam ameaças enormes”, alertou.
Ele afirmou que não há zonas seguras para esses jornalistas e que muitos deles correm o risco de perder familiares ou casas, pois são residentes de Gaza e porta-vozes da realidade vivida pelos palestinos como resultado da agressão sionista.
“Muitos perderam colegas, membros da família e também suas instalações e tiveram que fugir em busca de segurança quando não há lugar seguro nem saída”, disse Mansour.
@CPJMENA
Os jornalistas também enfrentam ameaças por dizerem a verdade sobre o genocídio em Gaza.
Não é novidade para Israel, essa prática regular matar repórteres, Shireen Abu Akleh foi assassinada a sangue frio porque denunciou e documentou a opressão de Israel contra os palestinos por mais de quinze anos para a Al Jazeera.
Em protestos da Grande Marcha do Retorno em 2018, jornalistas que cobriam as manifestações foram baleados por atiradores israelenses. Aliás, há poucos anos atrás, durante o bombardeio de Israel na Faixa de Gaza, jatos israelenses destruíram um prédio com escritórios de agências de notícias, incluindo a Associated Press e a Al Jazeera.
De acordo com o Sindicato de Jornalistas Palestinos (SJP), mais de 50 jornalistas palestinos foram mortos desde 2000. Os Repórteres Sem Fronteiras (RSF) afirmam que pelo menos 41 jornalistas foram mortos na guerra entre Israel e a Palestina que eclodiu em 7 de outubro. 36 deles são repórteres palestinos mortos na Faixa de Gaza por ataques israelenses . Em abril de 2021, a Federação Internacional de Jornalistas (FIJ), o Sindicato de Jornalistas Palestinos e o Centro Internacional de Justiça para os Palestinos (CIJP) apresentaram uma queixa formal ao Tribunal Penal Internacional (TPI) sobre a “perseguição sistemática” de Israel a jornalistas palestinos.
Com uma pesquisa independente, o I'lam – Arab Centre for Media Freedom, Development and Research (Centro Árabe para Liberdade de Imprensa, Desenvolvimento e Pesquisa) descobriu, em 2021, que os ataques e atos de assédio contra jornalistas palestinos e trabalhadores da comunicação que cobriam manifestações e violência na Palestina ocupada eram cometidos, em sua maioria, pelas forças israelenses.
No Brasil, a Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ), entidade sindical que reúne os 31 sindicatos de jornalistas do Brasil, denunciou e protestou contra as mortes dos jornalistas.