Mais de meio milhão de pessoas na Faixa de Gaza enfrenta o que a Agência das Nações Unidas para Refugiados Palestinos (UNRWA) definiu, nesta terça-feira (23/01), como “fome catastrófica”.

São pelo menos 570.000 habitantes que oficialmente estão classificados como tendo insegurança alimentar no território alvo de operações militares israelenses. 

De acordo com a emissora catari Al Jazeera, por causa da fome, famílias deslocadas e cidadãos, especialmente no norte do território palestino, passaram a suprir as necessidades transformando ração de animais em farinha. 

Além das mais de 25.490 mortes provocadas pelas operações israelenses em território palestino, de acordo com os dados mais atualizados do Ministério da Saúde de Gaza, os ataques também têm dificultado e impedido a passagem de ajuda humanitária e transporte de recursos básicos, agravando a fome local.

De acordo com o Programa Alimentar Mundial (WHO), a falta de assistência alimentar também está começando a afetar a região sul da Faixa de Gaza. 

“Ainda há chances de surgirem novos focos de fome em Gaza”, alertou Abeer Etefa, porta-voz do órgão internacional para o Oriente Médio, enfatizando que o problema pode estar apenas começando 

Em dezembro passado, a própria UNRWA já descrevia o cenário em Gaza como um “tsunami humanitário”. 

Durante o Fórum Global de Refugiados, em Genebra, o chefe do órgão Phelippe Lazzarini disse que as os cidadãos estavam parando caminhões de ajuda para pegar alimentos e “comer desesperadamente”, fato que voltou a ser mencionado nesta terça-feira.

Segundo Etefa, suas equipes verificaram que há uma “limitação sistemática” para a entrada de ajuda principalmente no norte de Gaza.

“É por isso que vemos pessoas cada vez mais desesperadas e impacientes para esperar pela distribuição de alimentos, porque é muito esporádico. Eles não recebem isso com frequência e não têm confiança de que os comboios voltarão”, declarou a porta-voz do Programa Alimentar Mundial.