“Uma catástrofe. Um tsunami, um tsunami humanitário, na verdade”, foram as palavras usadas por Adnan Abu Hasna, porta-voz da Agência das Nações Unidas para os Refugiados Palestinos (UNRWA), para descrever a situação na Faixa de Gaza, nesta quinta-feira (14/12).
“Precisamos de centenas de caminhões por dia. Há uma necessidade enorme. Sem essas centenas de caminhões, a população continuará sofrendo muito”, explicou o funcionário da ONU à emissora catari Al Jazeera.
Já o chefe do órgão, Phelippe Lazzarini, explicou que está “cada vez mais difícil prestar ajuda” às pessoas que estão abrigadas pela agência por conta da impossibilidade da passagem dos caminhões que transportam recursos básicos às vítimas palestinas.
“As pessoas estão parando caminhões de ajuda, pegando os alimentos e comendo desesperadamente”, afirmou Lazzarini à imprensa em Genebra, no Fórum Global de Refugiados, ilustrando a situação crítica que os palestinos têm passado. “A fome surgiu nas últimas semanas e encontramos cada vez mais pessoas que não comem há um, dois ou três dias.”
Twitter/UNRWA
Desesperados, palestinos param caminhões de ajuda em busca de comida, afirma chefe da agência da ONU para refugiados
O território carece de alimentos, remédios, energia e combustíveis desde a intensificação dos ataques israelenses, iniciada em 7 de outubro.
Na semana passada, o secretário de assuntos humanitários das Nações Unidas, Martin Griffiths, havia mencionado que “não existe ajuda humanitária em Gaza”, ao criticar a fase mais recente da operação militar de Israel que tem atacado o sul do território palestino na mesma intensidade que o norte.
“O que temos neste momento em Gaza é, na melhor das hipóteses, um oportunismo humanitário que tenta alcançar, por meio de algumas estradas ainda acessíveis, ainda não destruídas, algumas pessoas em um local onde se tenha a mínima condição de fornecer um pouco de comida, ou água, ou algum outro suprimento básico”, afirmou o secretário, classificando o trabalho humanitário como “errático” e “insustentável”.
E como se não bastasse, ainda nesta quinta-feira (14/12), a Faixa de Gaza ficou “totalmente apagada”, de acordo com o prestador de serviços local, causando ainda mais transtornos para a população que está constantemente refém das hostilidades dos soldados israelenses.
Após dois meses de bombardeios intensos à região, o número de mulheres e crianças mortas na guerra “ultrapassou o total de vítimas dos conflitos mais recentes”, segundo a relatora especial das Nações Unidas.
Até o momento, o Ministério da Saúde de Gaza contabiliza 18.787 mortes e 50.897 feridos, enquanto as autoridades israelenses afirmam que aproximadamente 1.200 de seus civis foram mortos pelo Hamas.