A Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) alertou nesta quarta-feira (24/04) que toda a população da Faixa de Gaza, alvo de operações militares israelenses há sete meses, enfrenta a crise alimentar mais grave da história da escala de segurança.
Os dados divulgados pelo Relatório Global sobre Crises Alimentares 2024, uma iniciativa conjunta envolvendo a FAO, o Programa Alimentar Mundial (PMA) e o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), revelam que em dezembro de 2023 mais de um quarto da população total, de 2,2 milhões de habitantes, se enquadrou nas condições de “catástrofe” e de risco de fome no enclave.
O diretor do PMA, Gian Carlo Cirri, apontou especialmente a Palestina e o Sudão, ambos países focos de conflito, como as regiões “onde as pessoas estão claramente morrendo de fome”.
“As pessoas não conseguem satisfazer nem mesmo as necessidades alimentares mais básicas e esgotaram todas as estratégias de sobrevivência, como comer ração animal, mendigar e vender os seus pertences para comprar comida”, declarou o representante.
Ainda de acordo com o relatório, é previsto que até julho de 2024 metade da população palestina, ou seja, cerca de 1,1 milhão de pessoas, sofra com níveis de catástrofe de insegurança alimentar grave, atingindo também um terço das crianças em estado de subnutrição aguda.
“30% das crianças com menos de dois anos estão agora gravemente desnutridas e 70% da população no norte enfrenta uma fome catastrófica”, apontou Cirri, alertando “que todos os três limiares da fome, que são insegurança alimentar, desnutrição e mortalidade, serão ultrapassados nas próximas seis semanas”.
Outros países mapeados também enfrentam crises, como é o caso do Haiti, onde são esperados elevados níveis de insegurança alimentar grave entre março e junho para quase 5 milhões de pessoas, ou metade da população analisada.
O número representa um aumento acentuado em comparação com as projeções de agosto de 2023 e reflete a escalada da violência das gangues armadas que limita a circulação de mercadorias e pessoas, causando deslocamentos internos e elevando os preços dos alimentos.
Já na África Meridional, os presidentes do Malawi, da Zâmbia e do Zimbabué declararam catástrofes nacionais em março passado devido ao impacto da seca induzida pelo El Niño na produção agrícola.
(*) Com UN News e Ansa