O secretário da Frente Popular para a Libertação da Palestina (FPLP), Jamil Mezher, fez um chamado na noite desta terça-feira (17) para que os palestinos vivendo na Cisjordânia e em Jerusalém façam um “amplo levante” contra Israel, após um bombardeio a um hospital na Faixa de Gaza deixar ao menos 500 mortos.
“Fazemos um chamado às massas de nosso povo na Cisjordânia, Jerusalém e nos territórios de 1948 para que realizem um amplo levante frente a ocupação e às manadas de colonos”, disse Mezher na rede de televisão libanesa Al Mayadeen. “Conclamamos as massas árabes a realizar ações de massas nas praças e ruas e a atacar as embaixadas dos Estados envolvidos”, completou.
O chamado ocorre após um bombardeio ao hospital batista Al-Ahli, localizado na Faixa de Gaza, deixar ao menos 500 mortos. Israel nega que tenha sido responsável pelo ataque, responsabilizando o grupo Jihad Islâmica da Palestina pela explosão – o que o grupo nega. Analistas têm colocado a versão israelense sob dúvidas, apontando para o fato de que os grupos palestinos não teriam foguetes capazes de tal destruição, e mencionando que o ataque parece ter vindo de cima, e não disparado a partir do chão.
A própria Casa Branca tomou um tom contido na nota emitida nesta terça-feira sobre o bombardeio. Nela, o presidente norte-americano Joe Biden diz ter falado com o Rei Abdullah II da Jordânia e com o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu, e de ter “dado ordens para que minha equipe de segurança nacional continue a reunir informações sobre o que exatamente aconteceu”. A nota diz ainda que “os Estados Unidos defendem inequivocamente a proteção das vidas civis durante os conflitos, e lamentamos que pacientes, equipes médicas e outros inocentes tenham sido mortos ou feridos nessa tragédia”.
Contra a versão israelense há ainda o fato de que o influenciador Hananya Naftali, ligado ao governo de Netanyahu, tenha publicado que a Força Aérea de Israel havia bombardeado o hospital, dizendo que ali havia uma “base terrorista do Hamas”. O influenciador depois deletou sua postagem e pediu desculpas, dizendo que “já que as Forças de Defesa da Israel (IDF) não bombardeiam hospitais, eu presumi que Israel tinha atingido uma das bases do Hamas em Gaza”. A Organização Mundial de Saúde (OMS), além disso, informou que as forças armadas israelenses haviam dado uma ordem para que o hospital fosse evacuado antes do bombardeio, aumentando as suspeitas sobre a responsabilidade do governo Netanyahu pela explosão. Mais cedo, uma escola administrada pela Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados (UNRWA) havia sido bombardeada por Israel.
Seja como for, a explosão do hospital levou a uma onda de protestos em diversos países da região, bem como na Europa e nos Estados Unidos. Na cidade de Ramallah, na Cisjordânia, território sob administração do Fatah, centenas de manifestantes tomaram as ruas, atirando pedras e entoando cantos contra o presidente da Autoridade Nacional Palestina Mahmoud Abbas. Os manifestantes enfrentaram as forças de segurança, que os reprimiu com bombas de gás e balas de borracha.
Na Turquia e na Jordânia, também houve protestos contra as embaixadas israelenses. No Líbano, houve confrontos ao redor da embaixada norte-americana. Também houve amplas manifestações em Taz, no Iêmen, Rabat, capital do Marrocos, e Bagdá, capital do Iraque.